IntroduçãoA doença carotídea vem recebendo grande atenção por parte de diversas sociedades internacionais de radiologia, cirurgia vascular e cardiologia em razão do grande interesse no diagnóstico e tratamento da doença aterosclerótica.O sistema carotídeo e vertebral extracraniano é facilmente avaliado pela ultrassonografia vascular tornando-a, assim, em várias instituições, o método de escolha para diagnóstico e decisão terapêutica. No Brasil, os médicos que realizam esse exame vêm utilizando esses consensos para quantificar as estenoses carotídeas. Ao longo dos últimos anos procurou-se validar as recomendações na prática diária. Algumas questões permanecem em aberto ou apresentam opiniões conflitantes, gerando dúvidas entre aqueles que realizam o método. Soma-se a isso a diferença cultural entre a comunidade médica brasileira e a de outros países. No nosso caso, há uma valorização da gradação das estenoses em intervalos percentuais menores para todos os graus de estenose, incluindo aqueles inferiores a 50%. Não raro, exige-se a informação acerca da espessura mediointimal como marcador de risco para doença cardiovascular. Por fim, o crescente número de solicitações de estudo das artérias vertebrais torna a avaliação ainda mais complexa.O objetivo do grupo de trabalho é estabelecer uma recomendação abrangente, que aborde os variados aspectos: anatômicos, técnicos e critérios diagnósticos para a quantificação da doença aterosclerótica das carótidas e vertebrais pela ultrassonografia vascular.O grande desafio desta recomendação consistiu em selecionar e adequar parâmetros obtidos com a ultrassonografia aos dos demais métodos de imagem diagnóstica, gerando dessa forma resultados de fácil entendimento e correlacionáveis.Para tal, optamos por uma abordagem multiparamétrica a partir de dados compilados da literatura mundial.Isso nos possibilitou diminuir o intervalo de gradação das estenoses para decis, adaptando-o à realidade cultural brasileira.
Equipamento e Recursos DiagnósticosEm razão da grande variedade de equipamentos disponíveis no mercado, bem como de seus mais variáveis recursos tecnológicos, faz-se necessário definir os itens básicos, imprescindíveis para realização de um exame completo (compreensível) das carótidas e artérias vertebrais, bem como os recursos tecnológicos que podem melhorar a acurácia diagnóstica e a representação final dos dados, mas que não são imprescindíveis para o diagnóstico correto.Entende-se como exame completo aquele capaz de identificar e quantificar corretamente as estenoses das carótidas e artérias vertebrais dentro de níveis de sensibilidade, especificidade e acurária semelhantes à média encontrada na literatura mundial.Quando todas as categorias de doença das carótidas são consideradas, a especificidade da ultrassonografia vascular (USV) é de 88%, e a sensibilidade, de 99%, para distinguir um ramo interno normal ou doente, quando comparada à arteriografia 5 . A acurácia para detectar uma redução de 50% a 99% de diâmetro do ramo interno é de 93%. A concordância com arteriograf...