O setor cinematográfico carrega a ambiguidade de ser uma atividade industrial e simbólica relevante para a identidade nacional. A despeito de sua significância, há uma lacuna acadêmica sobre o papel das alianças no modelo produtivo brasileiro. Optou-se, diante disso, por entender tal processo através da investigação da estrutura da indústria e da visão baseada em recursos. Este trabalho possui natureza qualitativa, fazendo uso de multicasos e de entrevistas semiestruturadas. Constatou-se que, em função do domínio oligopolista das majors, o setor nacional herdou o padrão americano de divisão de receitas entre os participantes da cadeia produtiva. Entretanto, a estrutura mercadológica dos Estados Unidos é baseada na integração vertical e em uma relação estreita com a televisão. Esses fatos, somados ao abandono do Estado no que diz respeito ao investimento direto na produção, à diminuição do ciclo de vida do filme e ao baixo percentual de projetos que captam recursos via leis de incentivo, asseveraram a competitividade. Percebeu-se que as alianças são um movimento necessário para o funcionamento da cadeia (complementariedade de recursos), mas que há, também, uma relação de dependência das produtoras com os demais elos do sistema de valor, em função da assimetria de poder criada pela estrutura da indústria. É possível afirmar, assim, que complementariedade e dependência andam pari passu.Palavras-chave: Cinema. Indústria Cinematográfica. Alianças Estratégicas. Produção de Filme.