“…Discorrer sobre as concepções em torno da vacina, a quem pretendeu atingir (no caso, proteger, se usarmos o termo difundido pela campanha); saber como mães e pais estavam se posicionando frente a ela; e mais, como as próprias meninas estavam compreendendo seus corpos entre um "sim" e um "não" à vacina foram algumas questões trabalhadas na pesquisa. Essa vacina chama a atenção por suscitar problemáticas diferentes do que, até o momento, tem sido pesquisado sobre o fenômeno do vacinar-se, como, por exemplo, a forte negação que a vacina recebeu nos EUA (WAILOO et al, 2010); a medicalização intensa dos corpos femininos (ROHDEN, 2003); o teor heteronormativo da vacina HPV (GRAHAM; MISHRA, 2011;; o perigo biológico da vacina em si, como a paralisia das pernas; além do ganho financeiro e do interesse comercial das indústrias farmacêuticas (BARBIERI; COUTO, 2015). Encontra-se, assim, a vacinação no coração das relações de poder e de autoridade entre o Estado, a ciência e os cidadãos (MOULIN, 2003), em particular, agora, frente aos corpos femininos e jovens da periferia urbana.…”