Objetivo: Caracterizar os eventos adversos em doação e transplantes de células, tecidos e órgãos notificados no estado de São Paulo. Método: Estudo descritivo de abordagem quantitativa. Os dados foram fornecidos pela Central Estadual de Transplantes do estado de São Paulo, por intermédio da “Ficha de notificação individual de reações adversas em Biovigilância”, da plataforma FormSUS, entre 2016 e 2019, e categorizados conforme nomenclatura preconizada pela Organização Mundial da Saúde quanto a: natureza e tipo do evento, gravidade e imputabilidade. Análise realizada por meio de estatística descritiva. Resultados: Foram caracterizadas 52 notificações, 90,4% relacionadas ao receptor, 78,8% a procedimentos alogênicos, 48,2% a órgãos e 44,2% a células-tronco hematopoéticas. As causas de notificação foram infecções (55,7%), outras (30,8%) e neoplasias (13,5%). A maior parte dos eventos notificados apresentou desfecho moderado (44,3%), e 36,5% das notificações foram imputadas como confirmadas. Conclusão: Foi possível identificar o cenário da biovigilância no estado, visualizando que os principais eventos adversos estão relacionados ao receptor mediante procedimentos alogênicos. Também, a maior causa de eventos adversos no estado de São Paulo são as infecções, especialmente causadas por Mycobacterium tuberculosis e Klebsiella pneumoniae. A caracterização desses eventos pode subsidiar o desenvolvimento de estratégias de segurança a fim de prevenir a recorrência, a realização de capacitações institucionais e políticas públicas em busca de incentivar a notificação e ampliar a compreensão dos eventos adversos nesse cenário, uma vez que só é possível assegurar qualidade e segurança na assistência à saúde, sobretudo no contexto das doações e dos transplantes, pelo reconhecimento da realidade.