RESUMOMudanças recentes vêm afetando as fronteiras de gênero: masculinidade e feminilidade mostram, em muitas situações, delimitações tênues. Porém, muitos ideais tradicionais de gênero persistem no subconsciente do indivíduo (Goldenberg, 2000). A identidade masculina é construída a partir da negação -negando atributos relacionados à mulher, à criança ou ao homossexual -e aqueles que se consideram fora do padrão dominante de masculinidade ainda demonstram medo de serem vistos como homossexuais (Badinter, 1993, e outros). O consumo de beleza está associado ao desejo de promover um aumento da atratividade física e a obtenção dos benefícios sociais correspondentes (Bloch e Richins, 1992). Como a atratividade física é considerada um elemento central da feminilidade, o consumo de práticas de beleza costuma ser maior entre as mulheres. A identidade de gênero masculina está associada a menor preocupação com a aparência, assim, os homens estão menos inclinados a adotarem práticas de beleza. Neste contexto, como pesquisar o tema beleza entre os homens? O objetivo deste estudo exploratório foi contribuir para uma melhor compreensão sobre o consumidor masculino de produtos e serviços de beleza, refletindo sobre padrões estéticos e práticas relacionadas à beleza masculina. Os relatos foram obtidos através de entrevistas em profundidade, usando também técnica projetiva, com dez jovens homens de classe econômica alta no Rio de Janeiro. Diversos aspectos das práticas de beleza são manipulados pelos entrevistados na caracterização de papéis sociais e na construção das identidades de gênero. Poucas foram as práticas de beleza identificadas como permitidas para o gênero masculino.