Introdução: A benzedura é uma prática tradicional de saúde presente tanto em áreas rurais quanto urbanas do Brasil. Diversos estudos etnobotânicos ressaltam que os praticantes possuem um vasto conhecimento sobre as plantas medicinais, porém ainda é necessário ampliar as investigações sobre a importância da prática e as formas de transmissão dos conhecimentos frente à modernidade. Neste contexto, este estudo foi realizado em uma região urbana de Florianópolis (SC) onde buscamos investigar as doenças tratadas por benzeduras, as plantas utilizadas nesta prática e o processo de transmissão cultural do conhecimento.Métodos: Realizamos entrevistas com onze benzedeiras da região leste de Florianópolis. A coleta de informações foi realizada através de protocolos semi-estruturados com lista-livre de plantas, e a coleta e identificação botânica das plantas citadas. Os dados foram analisados através de estatística descritiva.Resultados: Foram levantadas 34 tipos de doenças e males que são tratados através de benzeduras. Para o tratamento e cura desses males foi registrado o uso de 24 espécies de plantas medicinais, sendo as mais citadas: Ruta graveolens (6 citações), Rosmarinus officinalis (3) e Petiveria alliacea (3). Sobre as formas de transmissão do conhecimento, a maioria das entrevistadas (46%) aprenderam na infância, 36% na fase adulta através de cursos e 18% na juventude. Ao longo das entrevistas percebemos que estão surgindo novas formas de transmitir os conhecimentos, onde os cursos e os aplicativos de celulares estão ganhando importância.Conclusões: A prática da benzedura continua exercendo um papel importante na saúde das comunidades da região leste da Ilha de Santa Catarina e está passando por adaptações frente à modernidade. É importante que estudos futuros investiguem o efeito das tecnologias nesta prática e as possíveis implicações na resiliência ou vulnerabilidade destes sistemas de saúde.Palavras-chave: Benzedeiras, etnobotânica, práticas de saúde, conhecimento ecológico local, plantas medicinais.