Objetivo: avaliar as notificações de intoxicação exógena por raticida no Brasil entre 2008 e 2022. Métodos: foi realizado um estudo ecológico, do tipo série temporal, avaliando a quantidade anual de notificações nos últimos 15 anos, considerando os casos confirmados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A tendência temporal e as razões de incidência antes e durante a pandemia de COVID-19 foram examinadas com nível de significância de 5%. Resultados: entre 2008 e 2022, 48.448 notificações de intoxicação exógena por raticidas foram registradas. A tendência temporal foi estabelecida como estacionária nos últimos 15 anos (p = 0,285), mas tornou-se, significativamente, crescente ao remover os anos relacionados à pandemia de COVID-19 (p = 0,001; VPA = 5,4% [IC95% = 2,1, 8,6). Além disso, ao comparar com período pré-pandemia, a incidência de notificações foi 34% menor (RI = 0,66 [IC95% = 0,59, 0,73]) no primeiro e 28% menor (RI = 0,72 [IC95% = 0,65, 0,79]) no segundo ano da pandemia de COVID-19. Por fim, observou-se que 82,2% das circunstâncias foram tentativas de suicídio, 89,4% foram exposições do tipo aguda-única e a maioria (91,1%) evoluíram para cura sem sequelas. Conclusão: foi possível concluir que as intoxicações exógenas por raticidas persistem como um problema de Saúde Pública no Brasil.