A anemia hemolítica autoimune (AIHA) é uma doença incomum, em que ocorre a destruição de hemácias mediada por autoanticorpos do hospedeiro, sendo sua patogênese ainda pouco esclarecida. O presente estudo descreve um caso de uma mulher de 45 anos com anemia hemolítica autoimune idiopática com clínica sugestiva de mediação por anticorpos quentes (w-AIHA) e laboratório confirmatório de doença de aglutinina fria (DAC). Observou-se uma história clínica comum às anemias hemolíticas, com predomínio de sintomas sistêmicos como astenia, perda de peso, dispneia e febre diária, provas inflamatórias elevadas sem evidência de infecções ou doença reumatológica em curso. As provas laboratoriais evidenciaram DAC, entretanto, a idade da paciente, a característica dos sintomas sistêmicos e a ausência de sintomas de aglutinação dependente do frio tornavam o quadro semelhante a w-AIHA. Observou-se uma apresentação de AHAI idiopática com discrepância entre manifestações clínicas e laboratoriais. A terapia teve boa resposta à corticoides e imunossupressores, considerada uma terapia de primeira linha para w-AIHA sem o uso de imunobiológicos, optando-se por terapia de imunossupressão alternativa.