Da biopolítica à necrogovernamentalidade: um estudo sobre os dispositivos de desaparecimento no Brasil

Abstract

AGRADECIMENTOSAos meus pais, por terem criado o primeiro ambiente filosófico do qual participei: a mesa da nossa cozinha, em Taubaté. Nela, alimentavam-me com perguntas, histórias, política e amor.Aos meus familiares, pela infinita proximidade mesmo na distância.A Thaís Cristina de Lima, porque nosso amor fez fluir vida ao longo destas páginas e muito além delas.A Lucas Paolo Vilalta, irmão com que a vida me presenteou, pelo entrelaçamento entre vida, ética e filosofia.Às minhas irmãs e irmãos: Catarina Pedroso, Clara Figueiredo, Daniel Nagase, Dario de Negreiros e Rafael Schincariol, porque esta tese também foi escrita pela nossa história.A Carlos Antonio da Silva, pelo desejo de saber.A Paulo Rona, que me ajudou a soltar isso.A Catarina São Martinho, pelo impulso que fez iniciar esta pesquisa.A Beto Propheta e a Bia Chnaiderman, por terem me estimulado a realizar outras escavações.A Bruna Coelho, pela coragem de filosofar nas margens.A Yasmin Afshar, pela amizade regada a materialismo com cerveja.A Cândida Guariba, pelos almoços tão politicamente temperados.A Ana e Tiago, pelo carinho sempre presente.A Gabriela Carrocini, pela amizade engajada por Memória, Verdade e Justiça.A Aline Feitoza, pelas conversas "mórbidas" que ensejaram nossa amizade.A Carla Borges, pela amizade e pelo apoio intenso nas turbulências políticas.A Cristina Schein, pela força e coragem que sempre me contagiaram.A Jacqueline Sinhoretto, pelo estímulo intelectual e pessoal ao engajamento contra a violência estatal.A Herivelto Souza, por me mostrar outra Brasília.Aos amigos e amigas da Arco,

As dinâmicas psíquicas do ódio e suas formas de expressão nas subjetividades contemporâneas

“…Para além das consequências psíquicas da melancolia, há também a dimensão política decorrente da ausência da assimilação dessas partidas. O sentimento relacionado à perda e à indignação com o cenário social resulta em ódio absorvido pelo enlutado (Franco, 2018). Ou seja, [...] convertidos em sujeitos identificados com uma perda que não podem publicamente reconhecer, nem criticar, nem denunciar, eles internalizam a forma da agressividade supereficiente as injunções que os fazem paralisar e, no limite, assumirem-se como já mortos (Franco, 2018, p. 201).…”

Desaparecimento de pessoas em Rondônia: as estatísticas e a invisibilidade social.

“…No gráfico a seguir é possível notar a evolução do número de pessoas desaparecidas no O desaparecimento de pessoas é uma ação estruturada, planejada, e acima de tudo, institucionalizada, que requer a construção de um processo de 'apagamento' de registros, informações, relatórios e notas oficiais que são omitidas e alteradas de modo tal que interrompa a cadeia de existência física e documental de determinada pessoa. Franco (2021) vai além, ao indicar diante de fartas evidências levantadas pelos estudiosos da história contemporânea do Brasil, ao explorar as técnicas da ditatura militar e da burocracia estatal que gerencia a morte, que a construção de invisibilidade se cinge até de 'criação' de indivíduos -ainda que inverídica qualquer relação entre matéria (corpo) e o formal (documento) -para no caos dos registros promover a proliferação de papéis e produzir uma visibilidade invisibilazadora, já que "a indexação do corpo a um prenome e a sobrenomes dissipava-se em um nome qualquer, um nome no anonimato (...) pode-se registrar corpos mantendo-os na mesma cova" (FRANCO, 2021 , p 24). A seção seguinte propõe verificar o panorama do desaparecimento de pessoas em Rondônia e confrontar com os dados nacionais sobre a temática.…”

Uma arqueologia do abandono

“…Ficou claro que o sistema de repressão e a estratégia dos primeiros anos de repressão fez uso de um mecanismo que já estava em vigor, o "desaparecimento administrativo" para efetuar desaparecimentos forçados (FRANCO, 2018;HATTORI et al, 2016).…”