Nos últimos anos, uma série de ritmos musicais foram gerados e difundidos no triângulo pós-colonial entre África, América e Europa e que estão a se projetar a nível global, como: a kizomba, o kuduro, o rap, o funk, o forró, a salsa, o brega, entre outros. Tais expressões musicais e as suas correspondentes práticas de dança têm se globalizado a um ritmo vertiginoso através das migrações internacionais, dos congressos internacionais de dança (Soares 2015) e de plataformas comunicativas na era/geração digital (Feixa 2014), tais como youtube, spotify e facebook (Hutchinson 2014).Esses ritmos têm invadido espaços sonoros cotidianos tanto na internet quanto em canais de televisão, rádios comerciais, espaços públicos e pistas de dança de ambos os lados do Atlântico (Kabir 2014). Nesses trânsitos musicais, de pessoas e de experiências, também emergem questões de poder implicadas pelas diásporas e pelas memórias relativas ao colonialismo e aos locais de origem, provocando um senso de percepção e de sensibilidade estética particulares em contextos fortemente influenciados pela globalização do consumo cultural. Neste sentido, importa ressaltar as sociabilidades alternativas e os estilos de vida inovadores que emergem desses processos, passíveis, por vezes, de subverterem as dinâmicas de segregação urbana, o racismo, a pobreza e a violência, ou contracenarem com elas.O papel de mediação de sentidos sociais através da música tem se mostrado intenso nas pistas de dança, bares, associações, ruas, bairros e outros espaços públicos, muitos deles associados às experiências sociais de marginalização, articulados a presença migratória ou às experiências de imaginários culturais diaspóricos. Produtores, DJs, MCs, músicos e dançarinos são