Resumo: O Brasil é um dos 30 países com maior incidência de tuberculose (TB). Pessoas em situação de rua (PSR) têm 56 vezes mais riscos para o adoecimento do que a população geral por terem menor renda e acesso à saúde. Os objetivos do estudo foram apresentar o perfil sociodemográfico e epidemiológico de PSR notificadas para TB entre 2015 e 2019 na cidade do Rio de Janeiro e analisar relações entre as variáveis estudadas e desfechos da TB. Trata-se de estudo transversal com dados secundários das notificações de TB em PSR no período e local do estudo. Foi realizada análise descritiva, seguida da verificação de associação entre variáveis selecionadas e desfechos para TB, com teste qui-quadrado e regressão logística multinomial, para obtenção da razão de chances (OR). O perfil predominante das PSR com TB é de homens (74,9%), negros (76,2%), com idade média de 43,3 anos (DP = 12,0) e faixa etária entre 30 e 59 anos (78,5%). O desfecho mais frequente foi abandono do tratamento (43,3%), seguido por cura (29,9%) e óbito (3,6%). As análises mostraram que raça negra (OR = 1,4; IC95%: 1,1-1,9) e uso de drogas (OR = 1,7; IC95%: 1,3-2,3) e álcool (OR = 1,3; IC95%: 1,0-1,7) foram fatores de risco para abandono do tratamento, enquanto faixas etárias a partir de 30 anos (OR = 0,7; IC95%: 0,5-0,9) e forma extrapulmonar (OR = 0,2; IC95%: 0,1-0,6) foram aspectos de proteção. A vulnerabilidade das PSR se particulariza em perfis de raça e gênero, tal qual a TB, portanto, é necessário reforçar ações de prevenção e tratamento efetivas para aumentar o acesso aos serviços de saúde e o enfrentamento da TB nesse contexto, além de atentar para a alta proporção de dados incompletos que limitam as análises desse agravo.