Declínio viril e o ódio ao feminino: entre história, política e psicanálise // Virile decline and hatred of women: between history, politics and psychoanalysis

Abstract

A proposta deste trabalho é pensar como a queda do ideal viril articula-se com a face explícita e sem constrangimento do ódio dirigido às mulheres que encontrou ainda mais espaço na vida cotidiana, bem como no mundo virtual e no atual contexto sócio-político brasileiro. O ideal viril encontra-se em declínio em função do processo de industrialização, das Guerras mundiais e, especialmente, dos avanços do feminismo. Uma das respostas a esse declínio tem sido o aumento de posições machistas e fundamentalistas na atualidade, no qual o ódio contra as mulheres aparece como uma estratégia de defesa, que passou a ser instrumentalizado também para fins políticos. O ódio historicamente dirigido às mulheres se inscreve a partir da alteridade que elas encarnam, em função do seu modo de gozo enigmático e inapreensível, característica da modalidade de gozo não-todo referido ao falo. Sendo assim, conclui-se que o uso do discurso de ódio, da força bruta, da truculência e da violência contra as mulheres tão exacerbada e declarada na atualidade pode ser pensado como uma forma de fazer a potência fálica existir, como reação frente as repercussões do feminino em tempo de queda do ideal viril.

Elas por elas

“…Nesse sentido, a autora apresenta alguns estudos que trazem uma atualização do futebol de mulheres praticado no país, especialmente a partir dos anos 2000, e demonstra como "o futebol é profundamente atravessado pelas questões de gênero". 24 Temos também por aqui uma gama de estudos historiográficos sobretudo sobre o futebol feminino que indicam representações diversas ao longo do tempo: 25 das articulações com o exótico e peculiar no início do século XX, passando pela criminalização do período de 1940 a 1960, chegando à erotização e branqueamento das décadas de 1980 e 1990, e à mulher forte dos últimos anos.…”