Decomposição de palha de cana-de-açúcar recolhida em diferentes níveis após a colheita mecânica

Abstract

Resumo -O objetivo deste trabalho foi determinar o efeito do recolhimento de quantidades variáveis da palha de cana-de-açúcar sobre sua decomposição na superfície do solo, após subsequentes socas. O experimento foi realizado por duas socas subsequentes, com a variedade de cana-de-açúcar RB-845210, tendo-se testado quatro quantidades remanescentes de palha após a colheita: 11,3, 8,5, 5,7 e 2,8 Mg ha -1 . Foram avaliadas as taxas de decomposição de biomassa, carbono, nitrogênio, celulose, hemicelulose e lignina, bem como a relação C/N e a quantidade de C e N mineralizada a partir da palha. O recolhimento variável da palha da canade-açúcar não alterou as taxas de decomposição da biomassa nem a mineralização de carbono, hemicelulose, celulose e lignina, em uma mesma soca. O processo de decomposição da palha não se esgota, mesmo após duas socas, independentemente da quantidade inicial de resíduo sobre o solo. A relação C/N e a decomposição da lignina servem como indicadores para verificar diferenças nas taxas de decomposição entre os níveis de palha avaliados, enquanto a decomposição da hemicelulose e da celulose somente detecta alterações nessas taxas ao longo do tempo. Em termos absolutos, quanto menor a retirada da palha do campo, maior a quantidade de carbono e nitrogênio mineralizada, mesmo que não haja diferenças na taxa de decomposição.Termos para indexação: Saccharum, estoque de carbono, mineralização do nitrogênio, qualidade do solo, relação C/N, taxa de decomposição. Decomposition of sugarcane straw collected at different rates after mechanical harvestAbstract -The objective of this work was to determine the effect of collecting different levels of sugarcane straw on its decomposition on soil surface, after consecutive ratoons. The trial was conducted for two consecutive ratoons, using the sugarcane variety RB845210, testing four amounts of remaining straw after harvest: 11.3, 8.5, 5.7, and 2.8 Mg ha -1. Decomposition rates of biomass, carbon, nitrogen, cellulose, hemicellulose, and lignin were evaluated, as well as the C/N ratio and the mineralized quantities of C and N from the straw. The distinct levels of sugarcane straw aboveground do not alter decomposition rates, neither do they alter the mineralization of carbon, hemicellulose, cellulose, and lignin within the same ratoon. The straw decomposition process persists along the two ratoon cycles, regardless of the initial amount of straw on soil surface. The C/N ratio and lignin decay are adequate indicators for detecting differences of straw decomposition rates between the evaluated levels of straw, while hemicellulose and cellulose decay detects only differences in rates over time. In absolute terms, the lower the initial aboveground straw level, the higher the amounts of carbon and nitrogen mineralized, even if there are no differences in decomposition rates.

Resistance to water deficit during the formation of sugarcane seedlings mediated by interaction with Bacillus sp.

“…As can be seen in Table 3 and Figure 1, which show the analysis of the variable C/N, we observed that, in general, there were no discrepant results in the absence and presence of bacteria. Such results can be explained by the fact that, on average, the C/N ratio in straws of sugarcane, according to Ramos et al (2016), is a variable that can be influenced by many environ-mental factors, but that in general organic materials have very marked characteristics in relation to this variable since they are adjusted by the structure and the type of the organic materials constituent of vegetal tissues. Thus, the results show that in the presence of bacteria, there is an average increase of 0.02% in the variable C/N.…”

Dinâmica da temperatura e umidade do solo sob diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em decomposição

“…Além desses benefícios, a palha da cana-de-açúcar vem ganhando destaque devido ao seu valor no processo produtivo da indústria sucroalcooleira, por representar uma fonte importante na geração de energia e álcool 2G (DIAS et al, 2009 Alguns trabalhos realizados na região sudeste do Brasil avaliando a taxa de decomposição de diferentes quantidades de palha da cana-de-açúcar mantidas sobre o solo (FARONI et al, 2003;VITTI et al, 2008;AQUINO, 2012;RAMOS et al, 2016;SOUSA JUNIOR et al, 2017;YAMAGUCHI et al, 2017) Em cada área experimental foram realizadas coletas de solo antes da implantação dos experimentos para a realização da análise granulométrica.…”

Decomposição da palha de cana-de-açúcar em áreas de expansão de cultivo no Brasil

“…A porcentagem de decomposição foi similar ao encontrado por Pimentel et al (2017), os quais obtiveram uma perda de massa entre 64-71% no aporte de quantidades similares de palha de cana-de-açúcar em estudo no estado de SP. Por outro lado, ao estudar a decomposição da palha nas quantidades 2,8; 5,7; 8,5 e 11,3 Mg ha -1 MS em cana de 3ª soca, Ramos et al (2016) não encontraram diferença na perda de massa entre o maior e menor tratamento, ambos perderam 65% da massa inicial. Tal resultado foi atribuído às condições climáticas favoráveis e adubação de cobertura, a qual proporcionou alta disponibilidade de N em todos os tratamentos.…”

“…textura, umidade e biomassa microbiana do solo) devem ser inseridos na contabilidade da quantidade de resíduo a ser deixado sobre o solo para um determinado local (THORBURN et al, 2012 A área localizada em CA apresentou a maior perda de celulose (50%) e hemicelulose (38%), acompanhando os resultados obtidos na perda de massa da palha (Figura 8B). Esses componentes estruturais são mais suscetíveis a decomposição e influenciam a perda de massa do resíduo, apresentando maior degradação nos estágios iniciais desse processo (COÛTEAUX et al, 1995;SANTOS et al, 2012;RAMOS et al, 2016;SOUSA JR et al, 2017 (DE OLIVEIRA et al, 2002;PIMENTEL et al, 2017;SOUSA JR et al, 2017) devido a redução dos componentes lábeis ao final da decomposição, ocasionando maior proporção de componentes recalcitrantes e, consequentemente, a taxa de decomposição tende a reduzir (COÛTEAUX et al, 1995;JENSEN et al, 2005). A composição da lignina engloba um grupo de polímeros aromáticos complexos que é recalcitrante a degradação enzimática e atua como uma barreira estrutural impedindo o acesso dos microrganismos aos componentes lábeis (AUSTIN e BALLARÉ, 2010).…”

“…Compreender essa dinâmica é de extrema importância em função do destaque da cultura a nível global para atingir a crescente demanda mundial por biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis (SU et al, 2015). Para tanto, comparou-se os resultados obtidos neste estudo com os dados previamente obtidos na região tradicional de produção de cana-de-açúcar no Brasil (DE OLIVEIRA et al, 1999;FORTES et al, 2012;RAMOS et al, 2016;PIMENTEL et al, 2017;SOUSA JR et al, 2017), o estado de São Paulo, para obter um resultado mais robusto da taxa de decomposição que possa ser utilizado como referência para a região centro-sul do Brasil. A partir da Figura 11 é possível concluir que a região centro-sul apresenta, em média, uma perda de massa da palha em torno de 60% e liberação de C de aproximadamente 70% após um ciclo de cultivo da cultura.…”