Nogueira BF, Almeida CR, Ojopi EPB. Farmacogenética de doenças neurológicas. Medicina (Ribeirão Preto) 2006; 39 (4): 562-9.RESUMO: Uma vez que uma droga tenha acesso ao corpo de um organismo, o mesmo desempenha um papel na determinação do espectro de efeitos bem como em sua intensidade e duração. A extensão com que uma droga pode ser absorvida e transportada a vários órgãos-alvo influencia no seu perfil de potência e efeito. A variação genética pode potencialm ente afetar a resposta individual à droga em vários passos. A absorção de uma droga e sua distribuição a vários órgãos são processos governados não apenas pelas propriedades físico-químicas da droga, mas também por moléculas endógenas. Muitos dos genes de suscetibilidade a doenças são também alvos de drogas e podem simultaneamente predispor os pacientes à doença bem como à resistência ao tratamento. A identificação de novas variantes para predisposição às doenças pode indicar novos alvos terapêuticos e novas vias no desenvolvimento de drogas e intervenções ambientais. Esta sistemática caracterização da natureza e da função do polimorfismo genético em enzimas metabolizadoras-chave e outros avanços na farmacogenética têm um amplo potencial para melhorar a escolha do medicamento apropriado e a correta dose para qualquer paciente em particular. Nesse artigo, revisamos os achados em farmacogenética na Epilepsia e na Doença de Alzheimer.
Descritores
1-INTRODUÇÃOO interesse pela farmacogenética, ciência definida como o estudo da variabilidade na resposta a drogas devido à variação genética existente entre os indivíduos e as populações 1, 2 , teve início com a observação clínica de que a mesma dose medicamentosa possui considerável heterogeneidade nas vias de resposta na população humana, tanto em termos de eficiência quanto de toxicidade. Potenciais causas para a variabilidade interindividual na resposta a drogas como patogênese e severidade da doença, interações medicamentosas, idade do paciente, estado nutricional, funções hepática e renal, e doenças concomitantes não explicam de maneira satisfatória essas diferenças. Variações hereditárias no metabolismo de drogas e polimorfismos genéticos em alvos terapêuticos podem ter grande influência na eficácia e toxicidade dos medicamentos 1 . Sendo assim, fatores genéticos são determinantes importantes, e a identificação dos mesmos é a meta da farmacogenética 1, 2 .Embora os avanços nessa área possam oferecer muitos benefícios na prática clínica, a importância de fatores não-genéticos, como cultural e ambiental, também deve ser considerada na resposta aos medicamentos. 3 .