Resumo:A hanseníase é uma neuropatia infectocontagiosa que acomete fibras nervosas motoras, sensitivas e autonômicas. Os reflexos da polineuropatia hansênica na função sensitiva são bem conhecidos, porém pouco se sabe sobre o efeito desta doença na função motora. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar os padrões eletromiográficos de músculos dos membros superior e inferior de pacientes com hanseníase com acometimento de neuropatia periférica e compará-los com indivíduos saudáveis. Participaram do estudo 25 voluntários, de ambos os gêneros, idade entre 40 e 70 anos, divididos em 5 grupos: G1-G4 (portadores da doença com lesão no nervos tibial, fibular comum, ulnar e radial, n=5, respectivamente) e G5 (voluntários saudáveis, n=5). O sinal eletromiográfico foi captado utilizando eletrodos de superfície dos músculos gastrocnêmio (G1), tibial anterior (G2), hipotênares (G3), extensor dos dedos (G4), e em todos esses músculos para o G5. Os voluntários dos grupos G1 a G4 realizaram contração voluntária isométrica máxima de flexão plantar, dorsiflexão, abdução do dedo mínimo e extensão do carpo, respectivamente; o grupo G5 realizou todos os movimentos. Os resultados mostraram que em todos os grupos, os indivíduos portadores de hanseníase mostraram maior atividade mioelétrica comparado a indivíduos saudáveis, porém sem significância estatística. A falha no alcance à significância remete a realização de novos estudos com maior delineamento e homogeneização da amostra, de forma a controlar variáveis e estabelecer uma amostra com menor desvio padrão. Desta forma, de acordo com a metodologia empregada, conclui-se que pela análise eletromiográfica de superfície, a hanseníase parece não afetar a atividade motora. Palavras-chave: hanseníase, eletromiografia, membros.
Abstract: Leprosy is an infectious and contagious
IntroduçãoA hanseníase permanece como um grave problema de saúde pública no país, sendo o segundo país em número de casos da doença, representando 93% dos novos casos na América Latina [1]. Doença infectocontagiosa, de acometimento dermatoneurológico, é causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. Em sua patologia, este parasita tem como sedes de alojamento os tecidos da pele e tecido nervoso periférico, o que gera o desenvolvimento de uma resposta imunológica importante [2]. Possui dois padrões típicos de desenvolvimento: a forma tuberculóide, caracterizada por lesões de pele secas e escamosas, com ausência de sensação; e a forma virchowiana, mais intensa e que apresenta espessamento e nódulos simétricos da pele. Em ambas formas clínicas, o comprometimento neural pode ser observado [3]. Os bacilos da tuberculose possuem um tropismo especial pelos nervos periféricos, sendo que a neuropatia da doença é caracterizada clinicamente como mista, uma vez que acomete tanto fibras nervosas motoras como sensitivas e autonômicas [4]. A ação conjunta do parasita e resposta inflamatória desencadeia o aparecimento de