A partir dos anos 1990, a ideia do/a protagonismo/participação permite vislumbrar o/a adolescente pobre como agente social. Objetiva-se compreender as percepções de estudantes e da coordenação escolar sobre adolescência, protagonismo/participação juvenil e o papel da escola no desenvolvimento da cidadania emancipatória. Trata-se de uma pesquisa-ação realizada em uma escola pública brasileira, com a participação da coordenação escolar (diretora, vice-diretora e especialista/pedagoga) e 15 estudantes, do 9.º ano do ensino fundamental ao 3.º ano do ensino médio. Na análise do discurso, constatou-se que, na visão dos/as adolescentes, suas questões são pouco valorizadas pelos/as adultos/as, restando àqueles/as lidar com elas. Enquanto alguns/mas estudantes não veem sentido na escola, outros/as esperam que ela melhore suas vidas, embora ela seja tida apenas como meio de alcançar poder econômico e felicidade individual. Percebe-se, pelo discurso da coordenação escolar, que as práticas de ensino são conteudistas, sem sentido e pouco favorecedoras do pensamento crítico. Na visão dos/as estudantes, ações escolares pautadas pelo acolhimento, descontração e reflexão, como gincanas e grêmio estudantil, estimulam a participação deles/as. Propostas emancipatórias demandam percepções sobre adolescência e educação de mesmo teor, iniciativas pautadas na dialogicidade e medidas estruturais e estruturantes da sociedade.