O acesso e permanência no mercado de trabalho são aspectos ainda desafiadores para a pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estudos apontam que pessoas no espectro autista encontram mais dificuldades ao entrar no mercado de trabalho quando comparado com outros tipos de deficiência, sendo suas potencialidades desconhecidas ou desacreditadas pela sociedade em geral e pelas empresas. Nesse sentido, conhecer trajetória de pessoas com TEA que mesmo diante dos obstáculos conseguiram ingressar no trabalho pode contribuir para outras pessoas que almejam a inserção profissional. O presente estudo teve como objetivo descrever e analisar a trajetória de uma pessoa com diagnóstico tardio de TEA no mercado de trabalho, considerando o ingresso e permanência. Trata-se de um estudo de caso, com abordagem qualitativa. Para a coleta de dados foi utilizado uma entrevista semiestruturada que abordou o contato com o diagnóstico, aspectos positivos e negativos, mudanças e reações diante do diagnóstico, o processo de formação, papel da família e o ingresso no trabalho. Participou do estudo uma mulher de 21 anos com diagnóstico tardio de TEA, que trabalha como assistente administrativa em uma instituição de ensino superior. Para a análise de dados foi realizada análise de conteúdo, sendo estes transcritos integralmente, organizados em categorias e subcategorias e utilizado os trechos representativos do relato da participante. De acordo com os resultados encontrados no presente estudo, os principais problemas elencados foram obstáculos na formação em ensino superior, na permanência no mercado de trabalho e a falta de conhecimento e de preparo desses espaços laborais para receber um profissional enquadrado no espectro autista. Importantes barreiras físicas e atitudinais fazem parte da trajetória de pessoas com TEA, com ações capacitista da sociedade em geral, da família e particularmente investigado no presente estudo, das empresas. O desconhecimento das potencialidades e a visão desacreditada da pessoa com TEA resultam em obstáculos para o ingresso e mesmo para que estes permaneçam no trabalho. Nesse sentido, a empregabilidade para pessoas com TEA abriga ainda um cenário de incertezas e desafios, mas ocorre e devem ser compartilhadas para que sejam visualizadas como possibilidade real.