Ensaio baseado em revisão intensiva da literatura, que objetiva caracterizar o projeto educacional da Nova Direita no século XXI. A partir do caso brasileiro foi realizada uma aproximação ao caso argentino, que permitiu desvendar estratégias comuns do projeto nos dois países: a reedição do debate sobre o papel da família e do Estado a partir do questionamento à incorporação do materialismo histórico-dialético e os estudos de gênero nos conteúdos curriculares; a ampliação e diversificação dos sentidos de privatização da educação e o reforço ao papel subsidiário do Estado em matéria educacional; e a recomposição da relação entre educação e emprego/ocupação com as reformas do ensino médio e a consolidação do processo de individualização do social. O caso argentino permitiu visualizar algumas táticas particulares do projeto educacional da Nova Direita no Brasil: a militarização das escolas e a expansão da educação domiciliar, não abordadas neste artigo. A revisão de literatura realizada permite apontar dois eixos transversais necessários para a implementação desse projeto: a desvalorização do trabalho docente profissional reflexivo, e a desarticulação das políticas educativas de diversidade voltadas para a inclusão escolar de grupos historicamente desfavorecidos. Concluímos que é possível distinguir um projeto educacional articulado pela Nova Direita, que reinstala e atualiza polêmicas transcendentais da política educacional.