“…Contudo, isso começa a vir à tona associado a uma maior sensação de impunidade. São justas e pertinentes as manifestações contra a corrupção, pela democratização dos recursos públicos, pela disputa de maior volume de recursos para políticas públicas, a luta por melhores condições de emprego e salário, bandeiras históricas de movimentos sociais e sindicais, mas estes novos movimentos também abrigavam no seu interior fortes marcas conservadoras e demandavam explicitamente por retrocessos tais como o retorno à ditadura, o armamento da população, a redução da maioridade penal, a rejeição a organizações partidárias, sindicais, movimentos sociais, o repúdio indiscriminado a programas sociais, a discriminação de nordestinos, da população negra, de homossexuais, e um apelo a um falso nacionalismo (PRATES, 2015) Esse movimento assustador de crescimento do conservadorismo e de reações contra a livre manifestação da diversidade, especialmente de reconhecimento do direito ao acesso aos mais pobres a bens socialmente produzidos, em que pese ainda serem tão restritos no país, tem gerado fortes reações de uma burguesia conservadora que não admite perder seus privilégios e seu status em declínio, cujas fronteiras se veem ameaçadas pela sutil, mas importante, mobilidade dos pobres. Isso se verifica no aumento dos índices de violência e intolerância de toda ordem, não só no Brasil, mas de modo crescente na América Latina e na Europa ou mesmo em ataques absurdos que ganham destaque junto às mídias internacionais, contra alguns segmentos como: LGBTs, nos EUA; populações indígenas, no Brasil; ou no tratamento desumano e brutal que grandes deslocamentos de populações refugiadas têm vivenciado em países europeus.…”