O diabetes mellitus é considerado um dos problemas de saúde globalmente mais desafiadores do século 21. De acordo com as estimativas recentes do International Diabetes Federation IDF, cerca de 382 milhões de pessoas são diabéticas e esse número tende a aumentar para além de 592 milhões em menos de 25 anos. Para melhor compreensão do Diabetes mellitus e suas complicações torna-se necessário buscar novos marcadores para a doença. O DM promove estresse oxidativo, inflamação e a formação de produtos avançados de glicação não enzimática (AGES), o que leva a dano tecidual no paciente diabético. Marcadores de dano oxidativo em proteínas e lipídeos na vigência do DM têm sido amplamente abordados na literatura, no entanto o estudo de lesões em DNA ainda requer mais atenção em modelos in vivo. Este trabalho teve como objetivo avaliar o dano oxidativo e resultante de glicação avançada em rim, fígado, cerebelo, sangue e urina de animais diabéticos, assim como a modulação do dano por diferentes períodos de tratamento com insulina, a fim de verificar se o controle da glicemia nos animais diabéticos protege contra a indução dos danos em biomoléculas. Para a indução do DM nos ratos Sprague-Dawley foram administrados 40 mg de STZ por kg de peso corpóreo por via intravenosa. Os níveis de MDA e 5-metildC foram avaliados por HPLC-DAD. A quantificação de HbA1c e dos adutos 1,N 2 -dGuo, 1,N 6 -dAdo, 8-oxodG e CEdG foi realizada por sistema HPLC-ESI-MS/MS. Os níveis de nitrito sérico foram determinados por leitura da absorbância em espectrofotômetro e a concentração de creatinina plasmática foi determinada por analisador bioquímico. Os resultados mostraram que as alterações metabólicas desencadeadas pela condição de hiperglicemia persistente não são prontamente revertidas após o controle da glicemia. Os níveis glicêmicos e de HbA1c apresentam diferença significativa entre os grupos de animais hiperglicêmicos e sadios, sendo observada uma queda dos valores de HbA1c somente a partir do tratamento com insulina por 6 semanas. Em plasma, rim e fígado as concentrações de MDA seguem o perfil de concentração de hemoglobina glicada (HbA1c), indicando que os eventos de glicação e estresse oxidativo podem estar relacionados. O controle glicêmico também apresentou efeito benéfico para a excreção de CEdG e 1,N 6 -dAdo em urina, apesar de ser observado a partir dos níveis de 8-oxodG que a hiperinsulinemia leva a um quadro de estresse oxidativo. As três lesões são geradas por vias distintas: glicação avançada, peroxidação lipídica e ROS. Portanto, além do controle glicêmico, é importante que se desenvolvam estratégias de intervenção nas vias bioquímicas alteradas pela condição de hiperglicemia, a fim de reduzir os riscos das complicações decorrentes do diabetes mellitus.
ABSTRACT_______________________________________________________________ SANTOS, F. A. DNA adducts related to Oxidative stress and advanced glycation in diabetic rats. 2014. 197 f.Diabetes mellitus is generally considered one of the most challenging health problems of the 21st century...