Na perspectiva da teoria da objetivação, as formas como estudantes e professores se relacionam na sala de aula de matemática reafirmam a condição ontológica de sua existência. Quando essas relações expressam um forte compromisso dos indivíduos com o trabalho coletivo para alcançar a aprendizagem, a atividade mostra traços de uma ética comunitária em movimento. Porém, essa ética parece coexistir dialeticamente com outras éticas no ato de conhecer. Neste artigo, tentamos responder à pergunta: Como futuros professores e o formador encarnam éticas distintas e lidam com a coexistência dessas éticas em uma atividade de formação inicial que procura promover uma ética comunitária? Para tanto, analisamos um episódio que descreve as formas de relação com o outro entre quatro futuros professores de matemática e o formador, enquanto eles discutem uma tarefa focada na aprendizagem da equivalência e a ordenação de frações. Mediante uma análise dialético-materialista, revelamos alguns traços contraditórios de uma relação de compromisso com a atividade que nos permitiram identificar traços das éticas de obediência, fechada e comunitária. Na atividade, a ética comunitária foi encarnada pelos participantes após lidar com outras éticas que lhe ofereciam resistência. Destacamos, por um lado, que um mesmo estudante pode encarnar éticas distintas em uma mesma atividade, segundo os vínculos que ele estabelece com os demais e, por outro lado, que as éticas encarnadas na atividade estão fortemente entrelaçadas com os contextos sociais, históricos e culturais dos participantes.