A espécie vegetal, Varronia multispicata, utilizada popularmente no tratamento de doenças respiratórias e de pele, teve sua atividade anti-inflamatória e antinoceptiva comprovada recentemente. Assim, o presente estudo objetivou desenvolver tecnologicamente formas farmacêuticas à base de V. multispicata para o tratamento da dor e da inflamação. Realizou-se a caracterização físico-química da droga vegetal, extrato aquoso e extrato seco liofilizado, conforme Farmacopeia Brasileira (FB) 6ª edição. Também foram desenvolvidas três formulações e realizados os controles de qualidade aplicáveis. As folhas de V. multispicata foram coletadas no município de Castanhal-PA e a droga vegetal obtida foi classificada, quanto à granulometria, como pó semifino. Foram obtidos resultados dentro dos parâmetros exigidos pela FB (1,32% de matéria estranha; 8,51% de perda por dessecação e 10,39% equivalente a cinzas totais). O extrato aquoso (1:10, p/v), também se apresentou conforme determinações da FB, com pH 7,13; densidade relativa igual a 1,0058 g/mL e resíduo seco equivalente a 2,14%. Já o extrato seco liofilizado apresentou solubilidade em água e sorbitol, 3% de umidade e, por Microscopia Eletrônica de Varredura, mostrou morfologia indefinida e irregular. Na triagem fitoquímica foi verificada a presença de compostos fenólicos, demonstrando, por Espectroscopia UV-vis, 242,3 mgAG/g equivalentes a ácido gálico. Tanto o extrato seco quanto a droga vegetal apresentaram perda da estabilidade a partir de 200ºC, na análise termogravimétrica. A solução oral, o creme e o gel foram obtidas por planificação qualitativa e quantitativa de excipientes, e analisadas, quando aplicável, as características organolépticas, pH, densidade, viscosidade, espalhabilidade, estando os parâmetros dentro das finalidades pretendidas. Em nenhuma das formulações, houve incompatibilidade entre o extrato seco e os excipientes. A solução oral, analisada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, apresentou os mesmos constituintes presentes no extrato seco e, ao ser avaliada, quanto à atividade antinociceptiva, em camundongos e ratos, mostrou 85% de inibição da percepção da dor. O estudo de estabilidade preliminar das formulações foi iniciado, conforme RDC nº 318 (2019). A partir dos resultados obtidos, pode-se garantir a qualidade físico-química da matéria-prima vegetal, desenvolvendo-se, previamente, formulações alternativas e promissoras para o tratamento da dor e da inflamação, seja na terapia isolada ou complementar.