Este artigo traz uma reflexão sobre transformações possíveis e necessárias, a partir das experiências vividas por docentes, estudantes e instituições de ensino ao longo do ano de 2020, na medida em que sobreviviam, aprendiam e se adaptavam à pandemia da COVID-19. Não resta dúvidas de que a maneira de ensinar deverá estar alicerçada em conhecimentos pedagógicos, práticas colaborativas, na tecnologia educacional, infraestrutura de informática e práticas avaliativas que favoreçam a aprendizagem, através do feedback e da interação mais próxima entre aprendiz e professor. O futuro aponta para o ensino híbrido que deve auxiliar os estudantes a alcançarem a competência para a prática profissional. O desenvolvimento de habilidades interpessoais será fundamental, em especial na formação de profissionais da área da saúde. A oferta de oportunidades para o desenvolvimento docente e a estruturação de comunidades de prática para a aprendizagem colaborativa também serão essenciais.
A maior flexibilização dos currículos e a mediação tecnológica do processo de ensino e aprendizagem devem favorecer intercâmbios e a internacionalização das instituições de ensino. Deste modo, tanto o ensino de graduação, pós-graduação lato e stricto-sensu tende a ampliar seu escopo e deixará de ficar circunscrito aos seus nichos de origem, expandindo-se para a realização de convênios nacionais e internacionais.
Os espaços universitários e os momentos presenciais deverão estar adaptados a nova realidade, que permita ao estudante a aquisição de competências clínicas e relacionais essenciais e que requerem atividades presenciais em cenários da prática profissional. Na área da saúde garantir estes momentos de formação seguirá como um requisito fundamental, assim, as salas de aula, os laboratórios e os campos de estágios devem ser seguros, permitindo uma orientação e supervisão direta por parte dos docentes e preceptores. Além disso, será necessário reafirmar que não existe dilema entre a formação de profissionais da saúde e a segurança do paciente, como houve a partir da suspensão das atividades práticas da maioria dos estudantes dos cursos da saúde no Brasil. Formar profissionais da saúde, num contexto de emergência sanitária, tem importância equivalente a cuidar de pessoas em qualquer cenário. Isso vale também para o acesso a equipamentos de proteção individual e a vacinas. Os desafios estão lançados e as possibilidades de avanço emergem e precisam ser aproveitadas a partir de um trabalho coeso entre gestores universitários, corpo docente, técnico administrativo e discentes.