Este capítulo é dedicado à complexidade. Na primeira parte, apresenta seu uso nos trabalhos no campo da segurança industrial. Mostra-se como esse tema é um eixo central na argumentação sobre riscos, especialmente desde a contribuição do sociólogo Charles Perrow, que fez dele uma categoria-chave em sua tese do "acidente normal", ou seja, inevitável, em certos sistemas. Mas outros autores também mobilizaram a noção de complexidade no campo da engenharia cognitiva, como Jens Rasmussen, por exemplo. Veremos, portanto, que a complexidade é polissêmica no sentido de que pode ter vários significados dependendo do contexto de uso, neste caso contextos disciplinares ou tradições de pesquisa em segurança industrial. Na segunda parte, outro uso da complexidade é proposto, com base no trabalho de Edgar Morin. Esse uso revela-se frutífero na medida em que ajuda esclarecer o caráter multidimensional e ocorrencial da segurança industrial e dos acidentes, introduzindo os temas-chave dos debates em CHS hoje em dia em torno dos dualismos natureza/cultura, sujeito/objeto, corpo/espírito, fatos/valores.
Complexidade, uma introduçãoO tema da complexidade é um termo transversal, amplamente utilizado nos últimos vinte ou trinta anos, em muitos campos científicos. Há uma vasta literatura sobre o assunto, com dezenas, se não centenas de livros dedicados a ele: introduções gerais, aplicações ou implicações dos princípios da complexidade em diferentes disciplinas, como administração, biologia, sociologia ou filosofia etc. Existem até mesmo mapas para se orientar no assunto, dada a abundância de autores e perspectivas. 1 Para Reda Benkirane, sociólogo que dedicou