1Compreender e interpelar o webdocumentário são os objetivos das observações a seguir apresentadas. E, desde já, avanço com uma possível resposta à pergunta do título. Se a Web (Internet) e o documentário não são uma dupla inseparável, pelo menos, aparentam ser.
I. Para uma definiçãoEtimologicamente, webdocumentário é um neologismo que associa um meio, a Internet, a um género, o documentário (Gantier 2011).A Internet contempla dimensões documentais bastante variadas. O YouTube encontra-se repleto de filmes de família, de um grande número de registos de acontecimentos quotidianos e de manifestações diversas de carácter documental, como depoimentos (sejam eles verdadeiros ou falsos). O Facebook é, em certa medida, uma variante ou reactualização do documentário biográfico. De um modo geral, as redes sociais colocam a tónica no testemunho de quem as utiliza e dão "voz" a quem, de outro modo, não teria oportunidade de se manifestar perante comunidades de maior ou menor dimensão. Mesmo a constituição de grupos restritos que contrariam a comunicação global prometida (e talvez nunca desejada), apresenta a vantagem de um utilizador encontrar eco dos seus conhecimentos, preocupações, angústias ou alegrias, ou seja, colocar-se em relação direta com o Outro.Um outro neologismo que surge associado ao documentário em suportes digitais interativos é o de iDoc (Interactive Documentary) que aparenta ser mais abrangente que webdocumentário pois destaca a interatividade e esta pode ser exercida em diferentes suportes que não apenas a Internet. O webdocumentário será então uma forma de iDoc, uma vez que o primeiro destaca o suporte onde ocorre a interatividade (a Internet) e o segundo coloca a interatividade como o aspeto central a ter em conta, algo que não está apenas presente na Internet.De qualquer modo, as manifestações documentais mencionadas e que parecem indicar uma relação quase inseparável entre a Internet e o documentário têm vindo a apresentar-se de modo mais 1 Universidade da Beira Interior (Covilhã, Portugal).