RESUMOAcredita-se que as lesões teciduais na leptospirose possam decorrer da ação direta das leptospiras, de toxinas sintetizadas ou liberadas durante sua lise. O presente estudo visou a extração quimica da glicolipoproteína (GLP) da leptospira, a produção de anti-soro anti-GLP e a avaliação de sua distribuição em cortes de fígado e rim de cobaias inoculadas e sacrificadas em estudo seqüencial diário até o 6? dia de infecçâo, correspondente ao pico da doença. Procurou-se também correlacionar a expressão tecidual da GLP com o grau de lesões locais, em busca de novos subsídios para a compreensão da patogenia da leptospirose. A QLP foi detectada em fígado e rim de 2 dentre 6 cobaias no 5? dia e em todas as 6 no 6? dia de infecção, sob a forma de grânulos no citoplasma de macrófagos, livres no interstício ou acolados à membrana de células endoteliais e parenquimatosas, especialmente nas regiões mais lesadas. A cronologia do aparecimento da GLP e sua distribuição sugerem tratar-se de produto de lise de leptospiras fagocitadas por macrófagos e que esta substância, conquanto não comprovada como iniciadora das lesões, associa-se a seu agravamento nas etapas mais avançadas da leptospirose.IMTERMOS. Glicolipoproteína; Leptospirose; Imunohistoquímica.
INTRODUÇÃOEstudos clínicos e anátomo-patológicos da leptospirose têm sugerido que as lesões ou as disfunções orgânicas possam ser causadas pela ação direta das leptospiras, por toxinas elaboradas por essas bactérias ou liberadas durante a sua lise 2,4,5,6,9,10,11,23,29. Diversas tentativas de isolamento e caracterização de possíveis fatores tó-xicos, foram realizadas por STALHEIM 24 , MIL-LER e cols.* JACKSON & ZEY 16 , KNIGHT e cols. 17 e FAINE e cols. ,5 . A ação citotóxica do sorotipo pomona sobre cultura âe fibroblastos foi demonstrada por YAM e cols. 28 , sem entretanto caracterizar a natureza química responsá-vel por essa atividade tóxica. Já, VINH e cols. 27 extrairam do sorotipo Copenhagen!, tanto de cepas virulentas quanto de cepas avirulentas, uma glicolipoproteína (GLP) de efeito citotóxico sobre fibroblastos de camundongos e sugeriram ser o componente lipídico dessa GLP o fator responsável por essa toxicidade.(1) Divisão de Patologia, Instituto