Resumo: Foi realizado um estudo do comportamento eletroquímico do herbicida ametrina em meio ácido utilizando a técnica de voltametria de onda quadrada (SWV) combinada com eletrodo de gota suspensa de mercúrio (HMDE). O processo de redução da ametrina envolve a protonação prévia da molécula, seguido da transferência irreversível de dois elétrons com controle de velocidade dado pelo transporte de massa. A corrente de pico apresentou dependência linear com a concentração da espécie, o que permitiu se calcular um limite de detecção de 0,1 mg L -1 (0,1 ppb) em amostras preparadas com água pura de laboratório, valor este que possibilita a aplicação desta metodologia eletroanalítica na análise de traços do herbicida em amostras ambientais.Palavras-chave: ametrina; voltametria de onda quadrada; eletrodo de mercúrio.
IntroduçãoApesar de toda a controvérsia sobre seus efeitos nocivos ao meio ambiente e, particularmente, ao homem, o uso de pesticidas tem aumentado intensamente nos últimos 50 anos, isto porque não existem muitas alternativas no controle das pragas ou das ervas daninhas que infestam as lavouras e que prejudicam a produção agrícola ou, até mesmo, no controle de vetores de doenças, como a doença de Chagas, a malária e a dengue. Desta forma, a produção mundial de pesticidas tem crescido continuamente, sendo a classe dos herbicidas, utilizados no combate a ervas daninhas, a que mais tem sido produzida.Dentro desta classe, os herbicidas do grupo das triazinas é o maior, compreendendo cerca de 30% da produção mundial de herbicidas. Eles são utilizados no controle pré e pós-emergente de ervas daninhas nas mais variadas culturas, desde a década de 50. As s-triazinas normalmente possuem um anel heterocíclico de seis membros onde os átomos de carbono e nitrogênio são simetricamente localizados e os substituintes, localizados nas posições 2, 4 e 6, se constituem no diferencial entre as várias formulações disponíveis comercialmente [1].A ametrina é uma s-triazina onde os substituintes são um grupo tiometil, um grupo etil e um grupo isopropil, formando a estrutura que leva o nome de N-etil-N-(1-metiletil)-6-(metiltio)-1,3,5 triazina 2,4-diamina. Na Figura 1 é apresentada a fórmula estrutural da ametrina. Ela é um herbicida sistêmico amplamente empregado em culturas de abacaxi, banana, café, cana-de-açúcar, citrus, milho, etc. Sendo razoavelmente estável, ela apresenta uma meia-vida de 20 a 100 dias, é muito móvel no ambiente e ainda altamente persistente em água e solo. Seus resíduos e metabólitos têm sido encontrados em águas subterrâneas mesmo depois de longos períodos após sua aplicação. A ametrina é muito tóxica e pode trazer sérios prejuízos à saúde e ao ambiente [2].