“…O esclarecimento diagnóstico às crianças soropositivas que adquiriram o vírus por transmissão vertical (quando a infecção é transmitida da mãe biológica para o bebê durante o período de gestação, parto ou aleitamento) é um dos aspectos que causa maiores dificuldades psicológicas de enfrentamento para as famílias. Os principais motivos para os pais e cuidadores adiarem esta revelação e manterem segredo sobre o diagnóstico são: o medo da criança não conseguir guardar segredo sobre sua condição de saúde e vivenciar situações de discriminação, preconceito e isolamento social; a exposição da história familiar e da forma de contágio pelo vírus; o receio de que a criança desenvolva sentimentos de culpabilização, raiva e revolta em relação aos pais (Barfield & Kane, 2008;Bhattacharya et al, 2011;Castellani & Moretto, 2016;Joyce et al, 2022;Kouyoumdjian et al, 2005;Marques et al, 2006;Ministério da Saúde, 2018;Negrini, 2017, Programa Estadual DST/Aids-SP, 2008Qur'aniati et al, 2022;Silveira, 2008). O estigma que leva a situações de preconceito é decorrente da associação que ainda se faz na sociedade entre comportamentos de risco e HIV/aids, culpabilizando o indivíduo pela infecção, inferindo uso de drogas e promiscuidade (Maman et al, 2009;Simbayi et al, 2007).…”