Diet and trophic ecomorphology of the silverside, Odontesthes bonariensis, of the Salto Caxias reservoir, rio Iguaçu, Paraná, Brazil

Abstract

bonariensis' diet is based on insects, scales, plants and detritus. Microcrustaceans (Cladocera and Copepoda) were the main items, allowing the characterization of the species as zooplanktivore. The species has a superior position and protractible mouth, with small teeth, creating a serrated pattern, uniformly lined side by side. There are many gill rakers, that are long and close together (typical of filtering fishes); the stomach is ill defined and the intestine is short. There was a gradual increase of O. bonariensis' abundance during the period of field study, mainly after the second year of damming. This fact seems to be closely related with the high abundance and availability of zooplankton in the dammed environment, and also with the ability of the species to exploit this resource.Este estudo teve como objetivo analisar a dieta e ecomorfologia trófica de Odontesthes bonariensis, relacionando estes aspectos à abundância da espécie, no ambiente natural e após a formação do reservatório de Salto Caxias, Rio Iguaçu. As coletas foram realizadas antes (de março de 1997 a fevereiro de 1998 -pré-represamento) e após o represamento (de outubro de 1998 a fevereiro de 2001-pós 1 e 2) e os conteúdos estomacais de 218 exemplares foram analisados pelos métodos de ocorrência e volumétrico. A dieta baseou-se em insetos, escamas, vegetais e detritos, sendo que microcrustáceos (Cladocera e Copepoda) foram dominantes, permitindo caracterizar a espécie como zooplanctívora. A espécie possui boca superior e protátil com dentes pequenos, dispostos em fileiras, conferindo-lhes um aspecto serrilhado. Os rastros branquiais são numerosos, longos e próximos entre si (típico de peixe filtrador), o estômago é pouco definido e seu intestino curto. Houve um incremento gradativo na abundância de O. bonariensis, durante o período de coletas, principalmente no segundo ano após o represamento. Este fato parece estar estreitamente relacionado com a elevada abundância e disponibilidade de zooplâncton no ambiente represado e a capacidade da espécie em explorar este recurso.

Estrutura trófica da ictiofauna, ao longo do gradiente longitudinal do reservatório de Salto Caxias (rio Iguaçu, Paraná, Brasil), no terceiro ano após o represamento

“…A despeito da maioria das espécies apresentar um recurso dominante, a dieta foi complementada com outros, em menores proporções, sendo esse alimento acessório variável de um local para outro. Esse fato indica que, embora o reservatório de Salto Caxias não apresente gradientes espaciais relevantes em relação às condições limnológicas e hidrológicas (Delariva, 2002) Figura 2. Proporção numérica das guildas tróficas ao longo do gradiente longitudinal do reservatório de Salto Caxias, Estado do Paraná, no período pós-3 (I-montante, II-região intermediária, III-barragem e IV-jusante).…”

“…Isso tem sido descrito em alguns estudos, que enfatizam a composição da dieta da ictiofauna, mostrando que aparentemente a maioria dos recursos disponíveis são consumidos pelos peixes (Hahn et al, 1997Loureiro, 2000;Vono, 2002;Delariva, 2002). Segundo Agostinho et al (1999) a disponibilidade de recursos alimentares, mais abundantes após o represamento, produz um substancial incremento em consumo pelos peixes.…”

“…Peixes, por exemplo, foram consumidos por espécies que normalmente não apresentam tal hábito, como P. ortmanni, Pimelodus sp. e A. altiparanae (Abujanra et al, 1999;Cassemiro et al, 2002;Delariva, 2002), embora tenha sido registrado que quando esse recurso é abundante no ambiente, essas espécies se mostram claramente oportunistas Delariva 2002). Considerando os diferentes locais amostrados, os peixes aparentemente mostraram maiores alterações em suas dietas a jusante do reservatório, onde A. vittatus consumiu predominantemente algas, O. bonariensis, microinvertebrados e C. paleatus, insetos terrestres.…”

“…Considerando os diferentes locais amostrados, os peixes aparentemente mostraram maiores alterações em suas dietas a jusante do reservatório, onde A. vittatus consumiu predominantemente algas, O. bonariensis, microinvertebrados e C. paleatus, insetos terrestres. Essas espécies certamente foram levadas a explorar outro recurso pela falta de seu alimento preferencial, uma vez que O. bonariensis é um peixe tipicamente filtrador de zooplâncton (Cassemiro et al, 2003) O resultado do agrupamento dos peixes em guildas tróficas é um forte indício das alterações na dieta ocorridas ao longo do gradiente longitudinal do reservatório. A montante, onde o impacto esperado é menor (Santos, 1996), todas as guildas estiveram presentes e distribuídas em proporção numérica mais equilibrada do que nos demais locais.…”

“…Os impactos dos represamentos sobre a ictiofauna assumem maior importância quando ocorrem sobre faunas endêmicas, muito freqüentes em rios com alta declividade e cachoeiras, que promovem isolamentos biogeográficos (Delariva, 2002). Esse é o caso do médio rio Iguaçu, onde o endemismo da fauna de peixes chega a 80% e as alterações nos habitats, promovidas por essa intervenção, levam a riscos de extinção em massa, nesse caso em nível global (Agostinho e Gomes, 1997).…”