Resumo: O objetivo deste estudo foi estimar a associação entre a percepção da audição ao longo do tempo e a ocorrência de quedas entre idosos durante a pandemia de COVID-19. Tratou-se de um estudo longitudinal, com dados da terceira onda de entrevistas domiciliares (2017/2019) e da quarta onda de entrevistas por telefone do estudo EpiFloripa Idoso (2021/2022), uma coorte de base populacional com idosos de 60 anos ou mais, realizada desde 2009 na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. A ocorrência de queda no último ano foi definida como a variável dependente neste estudo, enquanto a percepção da audição ao longo do tempo foi a variável independente. Foi realizada análise de regressão logística para identificar a relação entre a percepção da perda auditiva entre a terceira e a quarta onda do estudo com a ocorrência de quedas. Participaram do estudo 289 idosos, sendo a maioria do sexo feminino (69,1%), na faixa etária de 70 a 79 anos (53,4%) e com 12 anos ou mais de escolaridade (41%). Pessoas idosas que se mantiveram com dificuldade auditiva apresentaram 181% mais chance (OR = 2,81; IC95%: 1,08-7,34) de sofrer queda, quando comparado com as pessoas sem dificuldade auditiva. Em conclusão, os resultados deste estudo fornecem evidências da associação entre dificuldade auditiva em pessoas idosas e maior chance de quedas. Esses resultados sugerem a necessidade de intervenções que visem a reabilitação auditiva. Ainda, uma abordagem integrada e multifacetada é fundamental para mitigar os riscos de quedas nesse grupo etário, considerando tanto as necessidades auditivas quanto as medidas de prevenção de quedas.