O objetivo desse artigo é analisar, a partir da ótica do tempo de espera, as condições de trabalho impostas aos entregadores de aplicativos. O tempo é essencial na realização desses trabalhos, pois definem metas, jornadas de trabalho e implicam também nas condições mentais e físicas dos entregadores. Nos tempos livres, predominantes na execução do trabalho uberizado, os entregadores expõem suas fragilidades, medos e angústias em formas de competições, brigas e descontam o tédio com o consumo de drogas. Os dados foram obtidos a partir de uma etnografia participativa, realizada pelo autor durante nove meses em trabalho de campo. Espera-se a partir desse contexto aprofundar o debate acerca da precarização do trabalho, apresentando algumas condições de trabalho no cotidiano de um grupo de entregadores que se concentra em uma praça em Osasco, São Paulo.