Dinâmica Da Cobertura Do Solo Na Microbacia E Zona Ripária Do Rio Joaninha (1984 a 2022), Amazônia Ocidental, Brasil

Abstract

O desenvolvimento das atividades humanas ocasiona impactos aos recursos naturais podendo comprometer o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, objetivou-se com o presente trabalho analisar a dinâmica espacial e temporal da cobertura do solo na microbacia e zona ripária do rio Joaninha, com a finalidade de conhecer os impactos provocados pelas atividades antrópicas e selecionar práticas de manejo para mitigar esses impactos. Para realização deste trabalho foram utilizadas imagens dos satélites Landsat 5 e Landsat 8, e geotecnologias. Em 38 anos de colonização (1984 a 2022), a área de floresta nativa foi reduzida de 4,55 para 0,82 km2 na microbacia e de 0,23 para 0,14 km2 na zona ripária. Em contrapartida, a área de agropecuária aumentou de 1,95 para 5,67 km2 na microbacia e de 0,26 para 0,34 km2 na zona ripária. No ano de 2022, a cobertura do solo era composta principalmente de agropecuária, chegando a ocupar 87,23% e 69,39% das áreas totais da microbacia e zona ripária, respectivamente. Conclui-se que a supressão excessiva da floresta nativa na microbacia e o avanço da agropecuária na zona ripária comprometem o desenvolvimento sustentável da região, por impactarem negativamente a qualidade do solo e a disponibilidade de recursos hídricos. Recomenda-se de forma integrada, a manutenção da vegetação nativa remanescente, recuperação da vegetação nativa nas áreas protegidas por lei que atualmente estão com agropecuária, a inclusão do componente florestal nas atividades produtivas (ex: sistema agroflorestal) e a adoção de práticas conservacionistas nos sistemas agropecuários.

Caracterização hidrogeomoformétrica da microbacia do rio Joaninha, Amazônia Ocidental, Brasil

“…A microbacia do rio Joaninha está inserida na sub-bacia do rio Escondido e bacia do rio Guaporé, localizada nos municípios de Colorado do Oeste (95,55%) e Cerejeiras (4,45%) (PAULO et al, 2023) (Figura 1). A região tem clima classificado como Tropical com inverno seco (Aw) (BECK et al, 2018), temperaturas médias entre 24 e 26 °C (ALVARES et al, 2013), precipitação de 1728,9 a 1843,7 mm ano -1 , concentrada nos meses de novembro a março (FRANCA, 2015).…”

“…Em trabalho realizado por Silva Filho (2016), em Latossolo Amarelo no município de Porto Velho-RO, foi observado que a velocidade de infiltração básica (VIB) variou de 1,86 a 3,04 cm h -1 na pastagem e de 28,98 a 38,79 cm h -1 na floresta nativa, ou seja, na pastagem a VIB é 13,83 vezes menor do que na floresta nativa. Logo, se considerar que no ano de 2022 a cobertura do solo predominante na microbacia do rio Joaninha era composta por agropecuária (87,23% da área total) (PAULO et al, 2023), é plausível supor que podem ocorrer enchentes mesmo com seu formato alongado, porém, recomenda-se estudos relacionados com a taxa de infiltração de água no solo da região para confirmar essa hipótese. Além disso, características como a textura, densidade e compactação do solo podem contribuir para um detalhamento maior da probabilidade de enchente da microbacia.…”

“…A aptidão à mecanização agrícola da microbacia do rio Joaninha foi classificada em função da declividade do terreno (Tabela 2) em quatro classes, porém, predominam as classes extremamente apta (61,54% da área total) e muito apta (33,38% da área total) (Figura 5). Devido a essa característica, a região pode ser considerada de grande interesse para o desenvolvimento do agronegócio, com destaque para o cultivo mecanizado de soja e milho, explicando porque a microbacia apresentava 87,23% de sua área ocupada com agropecuária no ano de 2022 (PAULO et al, 2023).…”

“…A microbacia do rio Joaninha é composta por 16 unidades de produção agrícola, criadas durante a década de 1973 a partir do Projeto Integrado de Colonização (PIC) Paulo de Assis Ribeiro (INCRA, 2017). A maior parte da área da microbacia é utilizada para atividades agropecuárias, representando 87,23% ou 5,67 km 2 dos seus 6,5 km 2 totais (PAULO et al, 2023). Embora haja dados recentes disponíveis sobre a cobertura do solo, é notável a carência de informações sobre as características hidrogeomorfométricas, que são de extrema importância para o auxílio no planejamento e gestão dos recursos naturais, em especial do solo e da água.…”

Características hidrogeomorfométricas e dinâmica da cobertura do solo da microbacia do rio Curiango, Amazônia Ocidental, Brasil

“…O planejamento e gestão dos recursos naturais tem como base as características da paisagem, com destaque para as características geométricas (área, perímetro, fator de forma, índice de circularidade e coeficiente de compacidade), topográficas (altitude e declividade) e hidrográficas (padrão de drenagem, ordem dos rios, densidade de nascentes, densidade de drenagem, coeficiente de manutenção, índice de sinuosidade e tempo de concentração) (CORRÊA et al, 2021;SANTOS JÚNIOR et al, 2022a;. Além das características hidrogeomorfométricas também é importante analisar a dinâmica espacial e temporal da cobertura do solo, para entender o processo de uso e ocupação do solo ao longo do tempo e do espaço (FOGUES et al, 2023;PAULO et al, 2023;SILVA et al, 2023).…”