Dinâmica Da Cobertura Do Solo Na Microbacia Do Rio Lagarto, Amazônia Ocidental, Brasil

Abstract

Os estudos relacionados à análise espacial e temporal da cobertura do solo são de grande importância para entender os impactos antrópicos sobre os recursos naturais e, posteriormente, propor práticas conservacionistas mais adequadas para mitigar os efeitos antrópicos sobre os ecossistemas, propiciando o aumento da sustentabilidade dos estabelecimentos agropecuários. Diante disso, este trabalho teve por objetivo analisar a dinâmica espacial e temporal da cobertura do solo na microbacia e zona ripária do rio Lagarto. Para a aquisição dos dados e elaboração dos mapas de cobertura de solo, foram utilizadas imagens dos satélites Landsat 5 (1984, 1997 e 2010) e Landsat 8 (2022), e o software QGIS 2.10.1. No período de 1984 a 2022 (38 anos), houve uma grande pressão sobre a floresta nativa, restando apenas 23,87% da área desta vegetação na microbacia e 24,32% na zona ripária, no último ano avaliado pela pesquisa. Em contrapartida, ocorreu o crescimento da agropecuária, chegando a ocupar, respectivamente, 75,42% e 71,89% das áreas totais da microbacia e zona ripária no ano de 2022. Conclui-se que o avanço excessivo da agropecuária tende a comprometer os recursos hídricos, e, consequentemente, o desenvolvimento sustentável. Recomenda-se a inserção do componente arbóreo nos sistemas produtivos (sistemas agroflorestais - SAFs, integração de Lavoura-Pecuária-Floresta - ILPF sistemas silvipastoris - SSP e reflorestamentos), e a recomposição da vegetação nativa na zona ripária que está ocupada com agropecuária. Também são recomendados estudos para avaliar a situação da vegetação nativa nas reservas legais, para ver se há a necessidade de recomposição.

Dinâmica da cobertura do solo na microbacia e zona ripária do rio Sete Voltas, Amazônia Ocidental, Brasil

“…Para o ano de 2022, o espelho d'água na zona ripária teve um pequeno recuo que é justificado por regeneração natural da área. Outro fator que contribuiu para a identificação da área de espelho d'água é a construção de reservatórios para dessedentação de animais e desenvolvimento de piscicultura, também constatado nas microbacias dos rios Lagarto (SILVA et al, 2023), Enganado (MORETO et al, 2021, Rio da Paca , Rio do Gato ), Bodó (OLIVEIRA et al, 2022 e Tamanduá (VENDRUSCOLO et al, 2022b), também pertencentes a sub-bacia do rio Escondido.…”

Hidrogeomorfometria da microbacia do rio Lagarto, Amazônia Ocidental, Brasil

“…A microbacia do rio Lagarto está inserida na sub-bacia do rio Escondido e bacia do rio Guaporé (SILVA et al, 2023), localizada no município de Cabixi (Figura 1). A região tem clima classificado como Tropical com inverno seco (Aw) (BECK et al, 2018), temperaturas médias entre 24 e 26 °C (ALVARES et al, 2013), precipitação média de 1.728,9 a 1.843,7 mm ano -1 , concentrada nos meses de novembro a março (FRANCA, 2015), litologia formada por sedimentos inconsolidados (CPRM, 2021) e solos classificados como Neossolos Flúvicos (88,43%), Argissolos distróficos (11,14%) e Gleissolos distróficos (0,44%) (SEDAM, 2002).…”

“…Assim, pode-se inferir que basicamente toda a área da microbacia apresenta baixa limitação para a locomoção, e, consequentemente, potencial para a mecanização agrícola. Essa característica ajuda a explicar o avanço das atividades antrópicas sobre a área de floresta nativa na microbacia (SILVA et al, 2023), lembrando que a mesma se encontra inserida no Território do Cone Sul de Rondônia, onde há grande incentivo para o desenvolvimento do agronegócio mecanizado.…”

“…Os solos cobertos com florestas nativas geralmente apresentam maior capacidade de infiltração de água e menos escoamento superficial do que áreas com cultivos agrícolas (PINHEIRO; TEIXEIRA; KAUFMANN, 2009). Neste contexto, infere-se que a conversão de uso do solo de floresta nativa para cultivos agrícolas pode favorecer a formação de enchentes no período das chuvas e a escassez hídrica no período de estiagem, ocasionando uma série de preocupações com relação a esses problemas na microbacia o rio Lagarto, uma vez que, segundo Silva et al (2023), 76,13% de sua área encontrava-se ocupada com agropecuária no ano de 2022.…”

“…A microbacia do rio Lagarto abrange 16 estabelecimentos agropecuários privados (INCRA, 2018;SILVA et al, 2023) e está localizada no Território do Cone Sul, região com grande desenvolvimento do agronegócio no estado de Rondônia. Para auxiliar no desenvolvimento sustentável desta região é necessário conciliar o crescimento econômico com a conservação dos recursos naturais, e para isso é primordial selecionar as práticas de manejo com base nas características da paisagem.…”