A análise de árvores adultas e da regeneração natural, em uma sequência de idades, auxilia na definição de estratégias de manejo e políticas públicas, visando à conservação de espécies vulneráveis. Este estudo buscou avaliar a dinâmica populacional de espécies endêmicas, em risco de extinção e raras, ao longo de 24 anos, em uma floresta secundária, no domínio da Mata Atlântica. A amostragem foi realizada em dez locais com diferentes características fisiográficas, edáficas e estágios de sucessão, levando-se em conta árvores adultas (VA) (dap ≥ 5 cm) e regeneração natural (RN) (dap ≤ 5 cm), em inventários realizados de 1992 até 2016. Com a composição florística dos inventários, foram identificadas as espécies endêmicas, em risco de extinção e raras. No Capítulo I, as espécies arbóreas amostradas na VA e na RN foram classificadas como endêmicas do Brasil e/ou específicas da Mata Atlântica, com base em listas obtidas na literatura. Sessenta e oito espécies do presente levantamento foram identificadas como endêmicas com base em pelo menos uma das listas da literatura. Após busca em mapas recentes de distribuição de espécies, 35 espécies foram registradas em território de outros países, e apenas 33 espécies foram consideradas efetivamente endêmicas do Brasil e/ou da Mata Atlântica. Algumas espécies endêmicas foram abundantes na VA e/ou na RN, sendo registradas em diversos sítios e inventários, mas a maioria era escassas. A mortalidade de indivíduos, em alguns casos, resultou no desaparecimento da espécie. Algumas espécies endêmicas, também, foram classificadas como em risco de extinção e raras, indicando necessidade de ações de manejo visando a sua conservação para que não desapareçam. No capítulo II, as espécies em risco de extinção foram identificadas na lista florística de todos os levantamentos realizados em sequência de idades e em diferentes locais, utilizando listas regionais, nacionais e internacionais. As espécies raras na VA e na RN, separadamente, foram identificadas com base na presença de apenas um indivíduo em um local (singletons) ou dois indivíduos (doubletons) em até dois locais (um em cada local). Ao longo dos inventários, foram identificadas 13 espécies em risco de extinção e 72 espécies raras com base nos critérios de raridade. Cinco espécies em risco de extinção (Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr., Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth., Euterpe edulis Mart., Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer e Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau ex Verl.) foram abundantes na VA e na RN, sugerindo que a proteção dessa floresta secundária está sendo eficaz na manutenção da diversidade genética das espécies em risco de extinção. Em muitos casos, houve mortalidade de indivíduos nos últimos anos do inventário e algumas espécies em risco de extinção (Brosimum glaziovii Taub., Cedrela fissilis Vell. e Ficus mexiae Standl.) desapareceram. Uma árvore de Melanoxylon brauna Schott (em risco de extinção) morreu e há apenas uma planta na RN. A abundância dos indivíduos em apenas um dos níveis de inclusão (VA ou RN) indica que a espécie possui alguma barreira física e/ou biológica que impede a produção/dispersão de sementes e, ou a sobrevivência das plântulas. Espécies amostradas apenas na VA têm vantagem de produzir sementes, no futuro. Os resultados gerais indicam que, para a sobrevivência de algumas espécies classificadas como endêmicas, em risco de extinção e raras, há a necessidade de adoção de políticas que promovam a preservação e conservação da biodiversidade. Palavras-chave: Plantas em extinção. Biodiversidade. Florestas.