O objetivo desta pesquisa foi compreender as transformações do modo de vida dos jovens oriundos do meio rural por meio das suas trajetórias acadêmicas. Especificamente, pretendeu-se observar as possíveis mudanças no modo de vida dos jovens do campo influenciadas pelo convívio no espaço acadêmico em função dessa nova sociabilidade e deslocamento, além de avaliar as trajetórias acadêmicas dos jovens rurais e as dinâmicas do seu modo de vida de maneira geral. Partiu-se das seguintes hipóteses: 1) Os jovens rurais esbarram em vários obstáculos, tais como os fatores econômicos, espaciais, culturais e sociais, dificultando ainda mais a continuidade dos estudos; 2) Que o jovem do campo muda o modo de ser e de agir, tanto pelas experiências vivenciadas durante a vida acadêmica, quanto pelo fato de deixarem o campo para ir morar na cidade; e 3) Que alguns jovens do campo têm que conciliar os estudos com o trabalho para se manterem no ensino superior. Empregou- se nesta investigação, uma pesquisa de campo desenvolvida por meio da abordagem qualitativa, uma vez que ela se torna mais adequada aos objetivos do estudo. Como instrumentos de coleta de dados, foram feitas entrevistas semiestruturadas com os estudantes e egressos que se constituem público-alvo deste trabalho. Comparando as trajetórias dos jovens aqui apresentados percebe-se que eles têm em comum o fato de serem filhos de agricultores e de terem superado os pais no que se refere ao grau de estudo. Todos são oriundos de escolas públicas e encontraram dificuldades durante suas trajetórias escolares e acadêmicas. Destacaram que uma das maiores dificuldades na universidade foi em acompanhar os conteúdos e adaptar a metodologia dos professores tendo lacunas de aprendizagem dos conteúdos em decorrência de um ensino básico de pouca qualidade. Outras dificuldades apontadas pelos sujeitos de pesquisa no ensino superior recaem sobre as pressões econômicas, tendo a necessidade de conciliar o curso de graduação com trabalho remunerado, bem como a questão cultural, uma vez que se viram em uma nova realidade. Com base na análise dos dados obtidos nas entrevistas, concluiu-se que os jovens do campo que ingressam no ensino superior estão em constante mudança no modo deagir e de pensar, devido às variadas experiências que acontecem no espaço acadêmico. Assim, a construção da identidade da juventude rural é um processo contínuo e perpétuo, e em constante mudança do “eu” individual, influenciadas pelo coletivo e pelas formas simbólicas que ligam o ser social e sua condição existencial aos outros grupos sociais e práticas culturais, em vários contextos do espaço geográfico. Palavras-chave: Juventude do campo. Ensino Superior. Trajetória Acadêmica.