A zona costeira paraense é um espaço complexo e dinâmico que demonstra que a Amazônia possui diversas particularidades, sendo mais apropriada a abordagem que se a refere à existência de várias “Amazônias”. A zona costeira abriga, entre outros o ecossistema de manguezal, fundamental para a dinâmica natural entre terra, água e ar, e cujo uso é estruturante para as comunidades locais. Porém, a questão do risco socioambiental é uma problemática que tem se agravado nas últimas décadas, quando os manguezais passaram a ser alternativas de ocupação para aqueles que não dispõem de recursos para acessar áreas com melhores condições habitacionais. Desse modo, este artigo visou identificar as principais vulnerabilidades e riscos causados pela expansão urbana sobre os manguezais, especificamente nos municípios de Marapanim e Maracanã, na zona costeira paraense. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico-documental e viagens a campo, onde foram realizadas observações. Com isso, os principais riscos verificados foram o aumento da erosão costeira e das ressacas do mar. Quanto às vulnerabilidades identificadas, estas foram divididas em vulnerabilidades para a biota e para a sociedade. As principais vulnerabilidades para a biota foram a diminuição da disponibilidade de alimentos e a redução ou perda total de habitats. E para a sociedade, as principais vulnerabilidades identificadas foram a diminuição dos estoques de recursos pesqueiros e a redução de espaços habitáveis. Logo, essa complexa problemática requer uma gestão bem mais participativa e simétrica, de maneira a conciliar a proteção à vida e um ordenamento territorial que não subordine os interesses da sociedade local a ordens exógenas.