Introdução: O envolvimento ocupacional em situações extremas pode produzir a desumanização de pessoas, grupos e populações em seus contextos socioculturais, compondo mecanismos de privação que impedem a realização das ocupações e extraem seus significados. A memória, o enraizamento cultural e os rituais cotidianos podem gerar mecanismos de manutenção de ocupações significativas em situações extremas, "salvando" seres humanos da perda "completa" de sua humanidade. Objetivo: Compreender teoricamente a sobrevivência em situações extremas no contexto do holocausto através do envolvimento ocupacional. Método: Pesquisa documental, de abordagem qualitativa, do tipo exploratória, com aproximações do método hermenêutico, realizada entre outubro de 2019 e março de 2020. Utilizou-se sete livros baseados em diários de crianças e adolescentes judias que vivenciaram o Holocausto. Resultados: Observou-se que as ocupações cumprem funções específicas para a sobrevivência em situações extremas, como a investigada no contexto do Holocausto. Estas ocupações estiveram relacionadas à reparação e cuidado do corpo, manutenção e estruturação da rotina, espiritualidade, lazer, sociabilidade e convivência comunitária, e o sentir-se produtivo. Conclusão: O envolvimento em ocupações participa da elaboração de traumas psicossociais, através da manutenção dos significados socioculturais compartilhados que preservam o senso de humanidade em situações extremas.