O câncer de cólon e reto apresenta alta incidência mundialmente, porém a letalidade da doença é maior em países em desenvolvimento. O objetivo deste estudo é analisar fatores sociodemográficos e clínicos associados ao atraso para o início de tratamento de câncer de cólon e reto em hospitais no Brasil. Trata-se de estudo retrospectivo com dados dos registros hospitalares de câncer no Brasil de 2006 a 2015. O desfecho analisado é o tempo para início do tratamento de câncer de cólon e reto e possíveis associações entre variáveis sociodemográficas e referentes a fatores clínicos. Observaram-se disparidades no tempo para início do tratamento de acordo com estratos sociodemográficos e regiões geográficas. Há maior chance de atraso para o início do tratamento de câncer de cólon em pacientes com idade acima de 50 anos, de raça/cor de pele preta (OR = 1,50; IC95%: 1,21-1,84) e parda (OR = 1,28; IC95%: 1,17-1,42), analfabetos (OR = 1.50; IC95%: 1,19-1,90) ou com baixa escolaridade e cujo tratamento ocorreu em um município distinto de sua residência (OR = 1,25; IC95%: 1,14-1,38). Em pacientes com câncer de reto, há maior chance de atraso para o início do tratamento entre os casos com idade acima de 50 anos, de raça/cor de pele preta (OR = 1,44; IC95%: 1,20-1,72) e parda (OR = 1,29; IC95%: 1,19-1,39), analfabetos (OR = 1,71; IC95%: 1,40-2,09) ou com baixa escolaridade e cujo tratamento ocorreu em um município distinto de sua residência (OR = 1,35; IC95%: 1,25-1,47). Como conclusão, maior atenção deve ser destinada a reduzir o tempo para iniciar o tratamento nas regiões desfavorecidas e nos estratos identificados com barreiras de acesso ao tratamento em tempo oportuno.