A vigilância é um fenômeno que adquire diferentes contornos sociais, políticos e culturais. Autores como David Lyon consideram-na um processo ambíguo e presente em espaços como check-ins de aeroportos, caixas de saída de supermercados, centros comerciais, entre outros. Não sendo novas, certo é que as práticas de vigilância têm-se intensificado em virtude de pressões comerciais e inovações tecnológicas. Das organizações que recorrem a téc-nicas para este tipo de controle, são muitas as que visam contribuir para uma ordenação social e nesse sentido classificar pessoas e objetos de modo a introduzir um tratamento diferenciado (cf. Lyon, 2004). Ora, este aspecto é particularmente importante dado que uma das grandes novidades das sociedades contemporâneas, marcadas por tendências de terceirização da economia e urbanização, é a expansão de espaços organizacionais privados acessíveis ao público, propriedades privadas de massa (cf. Shearinge Stenning, 2006), dos quais os centros comerciais são paradigmáticos.Os centros de comércio apresentam um conjunto específico de caracterís-ticas organizacionais (cf. Gabriel, 2003). Entre elas, está a condução de ações estratégicas para a consecução de objetivos comerciais, para os quais, por sua vez, contribuem os vários estabelecimentos que o integram. Essas lojas são caracterizadas por estruturas organizacionais e modos de funcionamento particulares. Muitas operam em regime de franchising, acordos por meio dos quais a empresa franqueadora cede à franqueada o direito de comercializa-