A mandioca apresenta ampla diversidade genética, a qual é cultivada, em grande parte, por agricultores familiares. O presente estudo objetiva realizar um levantamento e caracterizar fenotipicamente as etnovariedades cultivadas por agricultores familiares em assentamentos rurais no Estado de Mato Grosso. O estudo foi conduzido em três assentamentos, Nossa Senhora Aparecida (NSA) e Júlio Firmino Domingues (JFD), no município de Alta Floresta, e assentamento São Pedro (ASP), em Paranaíta. As etnovariedades cultivadas nas propriedades foram caracterizadas, utilizando 13 descritores qualitativos. Foi calculada a frequência de cultivo das etnovariedades e a frequência das classes fenotípicas de cada descritor. Para caracterização da diversidade fenotípica, as variáveis qualitativas foram analisadas como multicategóricas, com múltiplas classes e agrupadas pelo método UPGMA, através do programa Genes. Foram visitadas 33 propriedades, nas quais se identificaram 76 etnovariedades cultivadas nos três assentamentos. Dessas, a etnovariedade “cacau” foi a mais frequente, registrada em 69,7% das propriedades, portanto, consiste na etnovariedade dominante. A caracterização fenotípica apresentou um total de 44 classes, evidenciando variabilidade fenotípica entre as etnovariedades avaliadas. O agrupamento UPGMA formou nove grupos, sendo o grupo GI o mais representativo (72,37%). Os grupos GVIII e GIX foram compostos por uma etnovariedade cada, ASP59 (roxa de fritar) e JFD40 (amarela), respectivamente. Foram identificadas 21 etnovariedades com diferentes denominações, das quais 15 são consideradas raras, por apenas aparecerem citadas um ou duas vezes pelos agricultores. O UPGMA realizado por meio da análise de caracterização fenotípica evidenciou uma ampla diversidade de etnovariedades nas propriedades dos agricultores, tidas como unidades mantenedoras e locais de conservação.