O efeito indesejável mais grave diretamente associado às transfusões é aquele que resulta em hemólise do sangue transfundido devido a anticorpos pré-formados presentes no plasma do receptor. O significado clínico dos anticorpos antieritrocitários depende da incidência do antígeno (que pode variar em diferentes origens étnicas), da sua imunogenicidade e de situações clínicas específicas. A ocorrência de anticorpos irregulares em pacientes politransfundidos estimulou vários pesquisadores a determinar a freqüência da aloimunização em populações distintas, levando em consideração as diferenças étnicas existentes entre elas, diagnóstico, idade e, os fatores de risco que levam à aloimunização. Os resultados obtidos por Martins PR e colaboradores 6 estão de acordo com os resultados descritos na literatura, com exceção do baixo índice de aloimunização por eles encontrado. Este fato, segundo os autores, é decorrente da implantação de um protocolo de utilização de sangue fenotipado para todos os pacientes que recebem transfusões crô-nicas no HRU. Este trabalho é muito interessante em vários aspectos, pois além de avaliar a freqüência da aloimunização em pacientes politransfundidos, levando em consideração vários fatores, demonstra claramente a importância da fenotipagem eritrocitária na prevenção da aloimunização. Além disto, considerando que os anticorpos dos sistemas Rh e Kell foram os mais freqüentemente encontrados, e diante da controversa ainda existente em relação aos antígenos que devemos fenotipar, fica claro que, pelo menos, a implantação da fenotipagem Rh e Kell devem ser consideradas para pacientes que recebem múltiplas transfusões. Na prática transfusional atual, devido ao risco associado às transfusões e gestações futuras, tem-se procurado minimizar as chances de um indivíduo formar aloanticorpos antieritrocitários. A transfusão de sangue fenotipicamente compatível com os antígenos eritrocitários mais imunogênicos (D, K1, E, c, Fy a , Jk a ,S e s) tem sido recomendada. A fenotipagem eritrocitária é essencial também na confirmação de aloanticorpos e facilita a identificação de anticorpos que podem ser formados no futuro. No entanto, os procedimentos de fenotipagem são complexos e dispendiosos e dependem da disponibilidade de anti-soros raros que, associados a outros fatores de ordem técnica, ainda dificultam a sua utilização rotineira.Uma das grandes limitações dos procedimentos de fenotipagem e que merece a nossa atenção é a presença de hemácias do doador na circulação do paciente com transfusão recente, o que dificulta a correta identificação do perfil antigênico, impossibilitando a seleção adequada do sangue a ser transfundido e, algumas vezes, até expondo os pacientes a um maior risco da aloimunização. Nestas situações, a genotipagem de grupos sangüíneos tem mostrado ser uma excelente alternativa 7,8 e pode ser uma ferramenta útil e eficiente. O futuro da aloimunização eritrocitária, ou seja, da redução do índice de aloimunização e das reações hemo- Avaliação: O tema abordado foi sugerido e avaliado pelo e...