O sertanejo é um gênero musical marcado há décadas pela predominância de cantores homens, bem como por canções que reforçam o sistema patriarcal e a objetificação da mulher sob a visão masculina. No entanto, na última década, a presença de mulheres cantoras tem despontado na vertente que ficou popularmente conhecida como “feminejo”, ou seja, o sertanejo protagonizado e cantado “por e para as mulheres”. No bojo desta discussão, objetivamos discutir como algumas canções presentes no feminejo têm se aproximado de discursos correlatos ao feminismo, no sentido de subverter ou reverberar o sistema machista-patriarcal. Para tanto, ancorados/as nos Estudos Feministas e Estudos de Gênero, analisamos duas músicas da cantora Marília Mendonça (1995-2021), a saber: Supera (2019) e Você não manda em mim (2021). Os resultados apontaram que as composições transitam entre os conceitos de sororidade, empoderamento feminino e desestabilização da ideia de dominação masculina.