Neste artigo, contempla-se a caracterização paleográfica dos punhos dos escreventes de um manuscrito de foro privado, o Livro do Gado do Brejo do Campo Seco, produzido por três gerações, de duas nacionalidades distintas, portuguesa e brasileira, do último quartel do século XVIII ao terceiro quartel do século XIX. Trata-se de um testemunho linguístico relevante para os estudos da reconstrução social e linguística do português brasileiro, em especial, para a história da penetração e difusão da escrita no interior da Bahia. Para além da caracterização gráfica, abordam-se, ainda, a edição fac-similar e semidiplomática do material, suas características extrínsecas e intrínsecas e análise das abreviaturas; a contextualização sócio-histórica do referido manuscrito e o estudo sociocultural dos escreventes. Utilizou-se, como aporte teórico para esta análise, Petrucci (2003), abarcando as questões destacadas pelo referido autor – qué?, cuándo?, donde?, como?, quién? e para qué? –, perguntas essenciais àqueles que se debruçam nos estudos de testemunhos escritos de uma determinada sociedade. Este trabalho colabora com duas das pautas de pesquisas do Projeto Nacional para a História do Português Brasileiro (PHPB), realizando as agendas de constituição de corpus diacrônico e o estudo sócio-histórico do documento.