Doação de órgãos e tecidos para transplante: organização do serviço e participação do enfermeiro

Abstract

Objetivo: o objetivo desse estudo foi relatar a participação dos enfermeiros de uma Organização de Procura de Órgãos (OPO) na unificação do serviço com uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). Método: o relato inclui a experiência de um complexo hospitalar, referência em saúde, da região sul do Brasil, no período de agosto de 2016 a dezembro de 2018, com a reformulação das atividades em três etapas: a) Processos administrativos e assistenciais; b) Atribuições do enfermeiro; e c) Educação permanente. Resultados: os transplantes de órgãos evoluíram significativamente ao longo dos anos, apresentando um aumento de 2,4%, na taxa de doadores efetivos por milhão de população (pmp) em 2018. Os enfermeiros das Organização de Procura de Órgãos (OPO)e Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) devem ser capacitados para atuar em cada etapa desse processo, sendo responsáveis por planejar, organizar, coordenar e executar a assistência a esses pacientes. A participação do enfermeiro é fundamental no desenvolvimento das atividades da OPO e CIHDOTT, prestando cuidado aos pacientes e familiares, desenvolvendo atividades de gestão, assistência e educação, tornando-se referência para a equipe de saúde no processo de doação e transplantes. Conclusão: A atuação desses profissionais na unificação dos dois serviços foi essencial, permitindo melhoria nas rotinas e bons resultados, evidenciados pelo aumento das notificações de possíveis doadores e consequentemente no acréscimo no número de doações possibilitando a melhor organização do serviço e interação com as equipes assistenciais.

Competências do Enfermeiro Membro da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos Para Transplantes

“…O enfermeiro da Cihdott tornou-se referência para as equipes assistenciais, pois desempenha um importante papel, por estar envolvido em todas as etapas do macroprocesso de doação de órgãos e tecidos, entre elas viabilização de abertura do protocolo de morte encefálica, 15 comunicação do diagnóstico à Central Estadual de Transplantes (CET), acompanhamento do processo de retirada e transplante de órgãos e tecidos no centro cirúrgico, acondicionamento dos órgãos para transplante, acompanhamento da reconstituição do corpo e devolução do corpo à família doadora, seguimento das orientações da CET quanto ao transporte de órgãos e tecidos, quando o transplante será realizado em outra instituição. 15,16 O enfermeiro também está envolvido em atividades burocráticas na comissão, como preenchimento de relatórios, intermediação entre OPO, CET e equipes envolvidas na retirada de órgãos, acompanhamento estatístico para abastecimento de banco de dados e acompanhamento de casos: "Se tem um doador, vai para o hospital, faz as papeladas, comunica OPO, comunica a central de transplantes e faz abordagem com a família, faz o acolhimento, faz tudo que tem que fazer com aquele doador" (E8); "Essa parte de acompanhamento de todos os exames, de toda conversa com a central de transplantes... As outras equipes, seja sobreaviso do bloco, seja sobreaviso da equipe de retirada, porque tudo é com a gente, a gente que organiza" (E4).…”

“…Por meio da busca ativa, podem-se identificar critérios clínicos indicativos de evolução para a morte encefálica e, com isso, acompanhar e debater, juntamente com a equipe assistencial, a possibilidade de abertura de protocolos. 15 Além das atribuições citadas, a entrevista familiar foi elencada por nove dos dez entrevistados como a principal competência do enfermeiro membro da Cihdott, uma vez que, dependendo de como a abordagem familiar é realizada, se pode ter um desfecho positivo ou negativo no que tange à decisão da doação, como representado pelas falas:…”

Competencias del Enfermero Miembro de la Comisión Intra-Hospitalaria de Donación de Órganos y Tejidos Para Transplantes

“…El enfermero de Cihdott se tornó referencia para los equipos asistenciales, pues desempeña un importante papel, por estar involucrado en todas las etapas del macroproceso de donación de órganos y tejidos, entre ellas la viabilidad de abertura del protocolo de muerte encefálica, 15 comunicación del diagnóstico a la Central Estatal de Transplantes (CET), seguimiento del proceso de retirada y transplante de órganos y tejidos en el centro quirúrgico, acondicionamiento de los órganos para transplante, seguimiento de la reconstitución del cuerpo y devolución del cuerpo a la familia donadora, seguimiento de las orientaciones de la CET con respecto al transporte de órganos y tejidos, cuando el transplante será realizado en otra institución. 15,16 El enfermero también está involucrado en actividades burocráticas en la comisión, como llenado de informes, intermediación entre OPO, CET y equipos involucrados en la retirada de órganos, seguimiento estadístico para abastecimiento de base de datos y seguimiento de casos:…”

“…Por medio de la búsqueda activa, se pueden identificar criterios clínicos indicativos de evolución para la muerte encefálica y, con eso, supervisar y debatir, juntamente con el equipo asistencial, la posibilidad de abertura de protocolos. 15 Además de las atribuciones citadas, la entrevista familiar fue mencionada por nueve de los diez entrevistados como la principal competencia del enfermero miembro de Cihdott, una vez que, dependiendo de cómo el trabajo familiar es realizado, se puede tener un desenlace positivo o negativo en lo que se refiere a la decisión de la donación, como es representado por las declaraciones:…”

Competences of the Nurse Member of the Intrahospital Commission for Organ and Tissue Donation for Transplantation

“…In other words, from the moment the brain death protocol is opened, the professional, who is on call, totally takes over the functions involved in the organ donation process: returning the body to the donor family, following the guidelines of the STC as to transport of organs and tissues, when the transplant will be performed in another institution. 15,16 The nurse is also involved in bureaucratic activities in the commission, such as filling out reports, intermediation between OPO, STC, and teams involved in organ harvesting, statistical monitoring to supply the database, and case follow-up: "If there is a donor, he goes to the hospital, does the paperwork, communicates OPO, communicates the transplant center and approaches the family, welcomes them, does everything that has to be done with that donor" (N8); "This part of monitoring all the exams, all the conversation with the transplant center… The other teams, whether on call from the block, or on call from the procurement team, because everything is with us, we are the ones who organize it" (N4).…”