Não! Definitivamente, não. Antes de questionar ou sugerir o comportamento sedentário como o novo tabagismo, deveríamos fazer uma outra pergunta: "o comportamento sedentário é um novo fator de risco para a saúde e seus efeitos são independentes da prática de atividade física? " Nesse caso, considerando o atual estado-da-arte, a resposta seria um inconclusivo "talvez".Especialmente nos últimos 15 anos, tem sido observado um substancial aumento nas publicações sobre "sedentarismo" -o comportamento sedentário -definido como atividades que são realizadas na posição sentada e que não aumentam o dispêndio energético acima dos níveis de repouso (≤ 1,5 equivalentes metabólicos; METs) 1 . Os estudos nessa área tiveram um aumento expressivo quando uma nova concepção do conceito de "sedentarismo" foi proposta. Historicamente, as pesquisas na área de atividade físi-ca e saúde classificavam como sedentários os indivíduos que não atingiam uma quantidade mínima de prática de atividade física. Com a evolução dos métodos de pesquisa em atividade física, especialmente por meio do uso de acelerômetros, se percebeu que uma importante parcela do dia de um indivíduo, despendido em tempo sedentário ou atividades de intensidade leve, era negligenciado quando se avaliava a prática de atividade física moderada a vigorosa de uma pessoa, e que essas atividades poderiam estar associadas com desfechos de saúde. Assim, um indivíduo poderia ser fisicamente ativo (atingindo as recomendações de atividade física para a saúde) e mesmo assim passar muito tempo em comportamento sedentário, sendo o comportamento sedentário e a inatividade física duas classes de comportamentos que com determinantes e consequências para a saúde distintos.Desde então, uma série de estudos foram conduzidos e dados foram reanalisados para mostrar que pessoas que passavam muito tempo em comportamento sedentário tinham maiores taxas de mortalidade e piores desfechos de saúde 2-3 . De forma interessante, as evidências sugeriam que tais efeitos eram independentes da prática regular de atividade física. A empolgação foi tanta que se chegou apontar a cadeira como o novo mal do século, comparar o comportamento sedentário com o tabagismo e deixar a atividade física como algo secundário.Uma análise crítica desse cenário se faz necessária. Especialmente, nessa área de pesquisa, temos pouco mais de 15 anos de evidências, algo recente quando comparado ao tempo, volume e qualidade de evidências que colocaram a atividade física na agenda da saúde pública 4 . Grande parte dos estudos que levantaram a hipótese do comportamento sedentário como um fator de risco, são provenientes de investigações conduzidas em países de renda alta e que investigaram o tempo de televisão como um marcador do comportamento sedentário [2][3]5 . Os estudos que investigaram as conse-