De acordo com o DSM IV 1 , os critérios diagnósticos para a anorexia nervosa (AN) são: a manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado para a altura e a idade, grande medo de engordar (ainda que o indivíduo esteja com baixo peso), alteração da imagem corporal e amenorréia em, no mínimo, três ciclos consecutivos. Entre os transtornos alimentares (TA), representa o menos comum, porém o mais grave 2 . Nos pacientes com a doença, as principais causas de morte são o suicídio e os efeitos diretos do jejum 3,4 .É uma patologia com relativa baixa prevalência (0,5% a 1% em alguns estudos nos Estados Unidos), incidindo, mais comumente, em mulheres com idades entre 15 a 29 anos 5 ; no entanto, sua mortalidade é alta. Sullivan 6 , em uma metanálise englobando 42 estudos sobre mortalidade na AN estimou que a mortalidade fosse de 5,6% por década desde o início da doença. Cerca de 20% dos afetados apresentarão doença crônica com grave comprometimento na qualidade de vida e cerca de 30% a 40% terão recuperação completa com o tratamento 7 . Em geral, os adolescentes, quanto mais precocemente forem tratados, melhor será a evolução [8][9][10] .os PAcientes com AnorexiA nervosA são "comPetentes" PArA tomAr Decisões?O critério legal para definir capacidade tem como foco o entendimento do paciente sobre sua doença e suas conseqüências, os vários tratamentos disponíveis e seus riscos e benefícios, a credibilidade nas informações para que seja tomada uma decisão por parte do indivíduo afetado pela doença, o que, obviamente, requer grande habilidade intelectual 11 . A competência é o equivalente clínico da capacidade 12 . Os fatores relevantes para julgar competência, principalmente em pacientes psiquiátricos, englobam uma série de variáveis que não estão incluídas nas definições legais de capacidade, como a interpretação das informações por indivíduo e a influência da doença mental sobre essa 13 .Os pacientes com TA não são globalmente incompetentes, mas o comprometimento de seus pensamentos, percepções, julgamentos, comportamentos e a capacidade de atender às demandas para a manutenção da vida os colocam sob risco da intervenção 14 . Muitos pacientes que recusam o tratamento parecem ter a capacidade de decidir sobre o fato. Ao mesmo tempo, freqüentemente estão gravemente doentes e se beneficiarão com o tratamento se estão sob risco de vida significativo. Os pacientes com TA apresentam comorbidades (depressão, transtornos de personalidade) que podem impedi-los de procurar tratamento 15 .