O plano de reconstrução de Lisboa, na sequência do violento e catastrófico terramoto de 1755, é muitas vezes considerado o primeiro grande plano urbanístico da era moderna, de conceção urbanística claramente iluminista. Este artigo, privilegiando uma abordagem historicista baseada em pesquisa de arquivo e revisão de literatura, sistematiza as decisões processuais e opções urbanísticas que se revelaram decisivas neste processo de reconstrução urbana, que é ainda hoje uma referência incontornável na história do planeamento urbano. A reflexão proporcionada pelas fontes analisadas permitiu destacar quatro principais vetores que notabilizaram esta operação de reconstrução urbana: i) a coordenação técnico-institucional que definiu a estratégia de ação e que garantiu a sua execução; ii) as novas soluções de morfologia urbana implementadas; iii) a inovação associada à aplicação de novas técnicas e sistemas construtivos; iv) e o avanço legislativo que garantiu o investimento necessário para tão grande e ambiciosa empreitada.