RESUMO Na saúde bucal, ações educativas ainda se fundamentam na transmissão de conhecimentos, com pouco diálogo com a população. Estudo transversal, descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa. Objetivou-se analisar práticas educativas inseridas no modelo tradicional e dialógico de educação em saúde, identificando motivações e desafios dos dentistas na realização de ações efetivamente dialógicas, críticas e reflexivas. Realizaram-se entrevistas com 39 cirurgiões-dentistas de Fortaleza-CE, os dados submetidos à Análise de Conteúdo, identificando três perfis profissionais: dentista passivo, esforçado e empoderado. No passivo, a educação para adolescentes, a troca de benefícios e a valorização do atendimento clínico foram dificuldades citadas que remetem à culpabilização da população, sem fatores motivadores. A culpabilização também emergiu nos esforçados, com o desinteresse da população, sendo apresentado como motivadores a intersetorialidade, a melhoria da saúde da população e a motivação pessoal. Já os empoderados evidenciaram como desafios a vulnerabilidade e a falta de comprometimento profissional, sendo motivados por ações interprofissionais. A gestão e a pandemia da Covid-19 foram dificuldades comuns, sendo evidenciada a importância da educação permanente, que ainda possui pouco incentivo na difusão de abordagens educativas problematizadoras, além da necessidade de potencializar estratégias de motivação profissional no desenvolvimento dessas práticas.