Introdução: O carcinoma de células escamosas é o tumor de maior importância na região de cabeça e pescoço, em razão da sua incidência e mortalidade. Sabe-se que fatores como consumo de álcool estão relacionados à diminuição da sobrevida de tumores tanto estimulando a progressão tumoral como causando comorbidades importantes, sendo um fator relevante para estudo. Objetivo: Avaliar a influência do histórico de álcool em características clinicoprognósticas de pacientes com carcinoma de células escamosas de boca e orofaringe (CCEBO). Método: Estudo de coorte, retrospectivo, no qual 156 prontuários de pacientes etilistas e 78 prontuários de pacientes não etilistas com CCEBO diagnosticados no Hospital Haroldo Juaçaba, em Fortaleza, Ceará, foram avaliados, entre 2000 e 2014, para análise de dados como idade, sexo, raça, localização do tumor, estadiamento TNM, tratamentos realizados e sobrevida em 15 anos por meio dos testes X², Long-Rank e modelos de regressão multinomial e de Cox (SPSS 20,0; p<0,05). Resultados: Houve maior prevalência de homens entre os pacientes etilistas (p<0,001), com tumores T3-T4 (p=0,003), linfonodos positivos (p=0,006) que realizaram tratamentos paliativos (p<0,001) e menor prevalência abaixo de 65 anos (p<0,001), quando havia histórico familiar de câncer (p=0,043). A sobrevida dos pacientes etilistas foi menor (p=0,040) e os fatores que diminuíram a sobrevida de maneira independente foram sexo masculino (p=0,042), estadiamento T3-T4 (p=0,004), metástase linfonodal (p=0,012), idade >65 anos (p=0,035) e localização na língua (p=0,042). O sexo masculino foi independentemente associado ao etilismo (p<0,001). Conclusão: O álcool é um fator de prognóstico em pacientes com CCEBO, mostrando maior prevalência em pacientes T3-T4 e, assim, influenciando negativamente no prognóstico.