Partindo da assertiva de que muitos resultados de processos urbanísticos não são consentaneamente percebidos pelos cidadãos, o objetivo do trabalho consiste em analisar a produção científica recente sobre relações entre percepção e produtos físicos e abstratos daqueles fenômenos. Os procedimentos metodológicos adotados foram baseados em diagnóstico bibliométrico de artigos publicados em periódicos científicos de julho de 2015 a junho de 2020, com o recorte geográfico na América Latina, justificado pela maior aproximação com a realidade brasileira. Os resultados alcançados pela pesquisa são abordados em duas fases principais. A primeira – métricas encontradas – possibilita a classificação dos textos em três categorias analíticas, as quais são detalhadas na segunda – conteúdos tratados. Como resposta à questão investigativa, identifica-se maior incidência de preocupações sobre aspectos socioespaciais, seguidas por aquelas relacionadas a características socioambientais, sendo reduzidas as dirigidas a condições socioeconômicas. Por fim, conclui-se pelo ainda insuficiente aprofundamento do estado da arte da percepção de processos urbanísticos, notadamente daqueles derivados do planejamento e desenho de cidades, o que compromete a compreensão dos seus produtos tanto físicos, em termos de paisagem e morfologia urbana,quanto abstratos, vinculados à mobilidade e locomoção, conformando desafios para a melhoria da gestão de urbes contemporâneas.